Frente Revolucionária de Timor Leste Independente

DIRECÇÃO FAFC

Coordenador – Geral

Eng. Samuel Freitas

Vice CoordenadorGeral

Alexnadre Pinto

Contactos:

Samuel Freitas (00351-913892252)

e-mail : faf-coimbra@hotmail.com

Residência Universitária de Santiago, bl. 4, 3810-193, Aveiro, Portugal.


quinta-feira, 26 de novembro de 2009

LABELE KOALIA DEIT KONA BA DIREITU FETO NIAN, TENKE HALA'O MOS


FRETILIN
COMUNICADO BA IMPRENSA

Dili, 26. 11. 2009

Iha okasiaun Loron Bot Internasional ba Eliminasaun Violensia Hasoru Feto, Sra Deputada Josefa Pereira, Vice Presidente Bankada FRETILIN nian, feto ida nebe uluk mos hasoru violensia husi militar Indonesia nian iha tempu luta resistensia, exige ba Presidenti da República, Governu de facto no Parliamentu Nacional atu iha seriedade bot liu tan hasoru kestoens violensia Kontra feto. Tuir Josefa, Governu no Presidenti Republica no Deputada balun iha Parlamento Nasional la halo tuir sira nia koalia kona ba assuntu ida nee, liliu bainhira ita hare kazu libertasaun Maternus Bere.

Sr. Presidenti Republica sauda bot nee ho lia fuan neebe diak, katak loron nee loron importante no oportunidade ida neebe "diak liliu ba joven sira - merece respeitu bot liu tan no dedikasaun bot liu tan iha Timor-leste, demokrasia ida neebe joven liu iha mundu, hodi nune ita bele sai referensia diak ida ba paz no estabilidade social ita nian".

"Sr. Presidenti Republica nia lia fuan nee kapas tebes, maibe hau no hau nia camaradas Buiberes sira, hanoin katak tuir lolos Sr. Presidenti tenke halo mos tuir nia koalia. Ita hotu rona explikasaun katak Sr. Presidenti mak hakas Sr. Primeiru Ministru de facto atu liberta Maternus Bere husi comarca Becora, hodi viola lei tamba lao kontra desisaun Tribunal nian. Ita keta haluha katak Bere nee, eis komandante milisia ida nebe hetan akusasaun no lolos loron ruma bele hetan julgamentu ba krimes kontra humanidade, liliu kontra feto neebe hanesan violasaun sexual, oho ita nia tia feto sira, kaer sira lori ba sorin balun neebe nudar atan. Nee violasaun maxima kontra feto maibe Sr. Presidenti Republica, Sr. Primeiru Ministru de facto, Membrus governu hotu no deputadas AMP sira hotu hakilar deit, nee tenke tamba "interese nasional", hodi nune minimisa vitima feto sira nia terus no direitu atu hetan justisa. Karik feto sira neebe mate iha milisia nia liman, ka sira neebe hetan estragus sexuais no sei moris, sira neebe nia ho ninian grupu lori nauk hanesan animal ba Timor Kupang neeba la iha direitu ba justisa? Entaun sira iha direitu deit ba koalia midar no selebrasaun loron bot nee, maibe iha pratika sira nia direitu ba justisa nee demais ona? Hau no hau nia kolega feto sira hanoin sira iha direitu neebe ita neebe laos iha sira nia fatin labele taka sira nia dalan atu hetan justisa", dehan Josefa.

"Hodi bainrua ami sani katak SEPI atu halau campanha atu halakon violensia kontra feto iha ita nia rain. Los duni! Tenke halo, maibe laos deit ezekuta orsamento halo workshop ka seminar, halo mak importante. Sra Secretaria Estadu de facto Idelta Rodrigues iha debate kona ba Maternus Bere nee nonok deit, la defende direitu feto sira neebe mate tamba hetan violensia husi Bere no ninia maluk mane, sira neebe hetan violasaun sexual no sei moris ho ida nee, sira hanesan Alola neebe sei moris ketak husi nia familia tamba ema lori nauk nia ba iha Timor Kupang. Sra Idelta, labele koalia deit, tenke hala´o. Maibe laos ita Sra Idelta, ita nia maluk deputada AMP sira neebe hakilar mai "direitu feto", neebe ami mos konkorda, maibe sira hotu vota ratifika libertasaun ilegal ba ema neebe tuir lolos pelo menos tenke hetan julgamentu ba violasaun nebe nia halo ba ita nia feto maluk sira bainhira parlamentu halo debate mosaun sensura. Sira defende liu mak "direitu nasional" no haluha direito feto. Sira defende mak Sr Primeiru Ministru de facto nebe dehan "hau mak haruka hasai nia". Haluha tiha nia krimes ka? Ami hein katak Grupu Feto Parlamentar bele halo duni tuir direitu feto Timor nian du ke buka halo viagens ka workshop deit", akusa Josefa.

Secretario Geral Nasoens Unidas nian, Sr Ban Ki - Moon mos protesta "violensia domestika" no krimes seluk neebe "ita la bele perdoa" hanesan " usa violasaun feto nudar instrumentu halo funu, trafiku sexual" no seluk tan. Ami mos konkorda no mos hein katak nia mos katak komunidade internasional mos defende nafatin direitu feto Timor-leste nian liliu sira nebe sai vitima ba violensia, hanesan sira uluk iha tempu luta resistensia no iha tinan hirak desde restaurasaun independensia iha 2002.

Ba informasaun tan dere ba Francisca Fatima: 737 - 8247

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Entrevista com Lu-Ólo


DEPOIS DA INDEPENDÊNCIA AGRAVARAM-SE AS ASSIMETRIAS ENTRE A POPULAÇÃO. HÁ UMA ELITE QUE ESTÁ A ENRIQUECER-SE COM O DINHEIRO DO POVO.

Entrevista com Francisco Guterres "Lu Ólo", guerrilheiro do movimento de resistência e Líder da FRETILIN (Frente Revolucionária de Timor-leste Independente). Membro da Assembleia Constituinte e Presidente do Parlamento Nacional entre 2002 e 2007.

Passa Palavra: Uma nação pode conquistar a independência mediante a luta armada e a luta política; mas como manter a independência perante as grandes pressões económicas exteriores?

Francisco Guterres "Lu Ólo": Gostaria de salientar algo em relação à nosso luta. Timor-leste passou por uma luta muito dura e prolongada pela independência. Sabíamos que queríamos o bem-estar do povo de Timor-leste e persistimos nesse intento. Em 1975, o debate ideológico então em curso determinou a maneira de pensar e agir dos timorenses. Há quem considere que a nossa opção ideológica foi um erro, porque dificultou a causa da independência, mas eu não concordo. Havia dois campos e nós tivemos de optar. De qualquer modo, sobre todas as ideologias, os Partidos políticos timorenses sabiam bem o que queriam e isso era comum a todos, a independência.

O povo timorense alcançou a independência depois de uma luta muito dura e graças, em grande medida, ao apoio internacional de países amigos como Portugal. Esse apoio conduziu ao acordo de 5 de Maio, que possibilitou o Referendo de 1999 e a vitória da independência.

A Administração Transitória das Nações Unidas garantiu a segurança das populações, mas só muito tarde é que começou a engajar timorenses nas suas estruturas. Eu, na altura ainda guerrilheiro, numa reunião em Aileu, insisti com Xanana Gusmão para que exigisse do Administrador Transitório que envolvesse mais os timorenses no processo.

Por outro lado, as Nações Unidas deveriam ter dado o devido reconhecimento à FRETILIN, como Partido que, nas montanhas, lutou pela independência, mas, em vez disso, optaram por pôr todos os Partidos políticos timorenses em pé de igualdade. Daí que a FRETILIN não tenha querido fazer parte da CNRT e tenha exigido eleições democráticas, que tiveram lugar em 2001; até porque a CNRT já não tinha razão de ser, uma vez que era uma estrutura da resistência.

Os timorenses querem tomar as decisões políticas por si próprios. Não queremos ser dependentes economicamentes e temos recursos e riquezas próprios que permitem garantir a melhoria das condições de vida da população.

Muitas opiniões, do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional, entre outros, têm sido avançadas sobre como viabilizar economicamente o país, mas nós não queremos depender dos outros, apesar de sermos beneficiários do apoio de países doadores em matéria de Administração, Ensino, etc..

Para sermos independentes, temos de trabalhar para conseguir alguma coisa. Não é que não queiramos o apoio dos países amigos, doadores, mas fundamental é que Timor-leste seja soberano, governado pelos timorenses e não dependente das decisões de ninguém.

Em 2004, o Parlamento Nacional, de que eu era na altura Presidente, aprovou a Lei do Fundo Petrolífero, de modo a que o dinheiro do petróleo seja empregue para o desenvolvimento do país.

O petróleo pode ser bom, mas também mau. Se o dinheiro for mal empregue, o país não vai a lado nenhum. Daí que tenha sido decidido que o dinheiro do petróleo seja empregue em investimentos para bem do povo.

Ora, isto não se verifica com o actual Governo. Este Governo não tem um programa de desenvolvimento com uma estratégia bem definida. Há muito dinheiro do petróleo, que pertence ao povo e deve ser usado para o desenvolvimento do país e bem-estar do povo, mas o dinheiro está a ser mal gasto, está a ser desperdiçado. O povo não sente que os seus dirigentes estão a trabalhar para o bem do país, sente-se desiludido.

A oposição, apesar de ter sido o Partido mais votado nas últimas eleições, vem fazendo fortes pressões sobre o Governo para que adopte um programa de desenvolvimento integrado e sustentável, mas o Governo faz ouvidos de mercador. Há muita corrupção neste Governo. Muitos desvios do erário público, que são prejudiciais para o país. É com grande tristeza que vejo a actual situação e sinto que a luta de 24 anos parece não ter sentido.

Passa Palavra: Será que a independência proporcionou uma melhoria da vida da população, uma redução das desigualdades, ou limitou-se a propiciar a formação e a consolidação de novas elites?

Francisco Guterres "Lu Ólo": Há muito dinheiro. O Orçamento chega a 1 bilhão de dólares americanos (cinco vezes maior do que o Orçamento de que dispôs o Governo da FRETILIN), mas não se consegue fazer nada com este dinheiro. A oposição tenta saber para onde vai tanto dinheiro.

Há um grande descontrolo e má gestão do Governo. A oposição fez sair um comunicado de imprensa denunciando o facto de que alguns timorenses da elite, residentes por muitos anos na Austrália, foram contratados pelo Ministério das Finanças, através do Banco Mundial, para ganhar 22 mil dólares por mês, mais do que o vencimento do Primeiro-Ministro australiano.

Há outros timorenses, que criam Partidos para desafiar a FRETILIN e agora são contratados como portugueses para ganharem salários de 14 mil dólares por mês.

O dinheiro doado pelos países amigos está a ser usado pelas elites políticas, não em benefício do povo timorense. Os deputados fazem viagens de lazer ao estrangeiro e aos distritos (a pretexto de fazerem fiscalização), pagas pelo dinheiro público, com carros de luxo e custos de viagem.

Nos concursos públicos, há muitas interferências políticas e as regras normais não são seguidas. Os membros do Governo escolhem os amigos e muitas vezes são familiares dos membros do Governo os accionistas das companhias a concurso.

Como timorense sinto-me muito triste com isto, mas a oposição está determinada a corrigir a situação num futuro próximo. Acima de tudo, recomendo sensatez. Admiro muito o Sr. Xanana Gusmão, meu comandante na guerrilha, mas choca-me que um homem que tanto lutou para defender a liberdade e o bem-estar do povo esteja hoje rodeado por gente que não sabe administrar o país e é corrupta.

Depois de todo o nosso esforço, as condições de vida não melhoraram e agravaram-se as assimetrias entre a população. Há uma elite, aquela que se apoderou do poder depois das eleições gerais de 2007, que está a enriquecer-se com o dinheiro do povo enquanto este continua mergulhado na pobreza. O povo já não tem confiança no Governo e no seu próprio futuro. O sentimento generalizado das pessoas é o de que Xanana Gusmão libertou o país mas traiu o seu próprio povo.

Cronologia da FRETILIN até à Declaração da Independência


"A importância do dia 28 de Novembro de 1975"

Em baixo está uma breve cronologia da história da FRETILIN até ao período da Declaração da Independência em 28 de Novembro de 1975.

Janeiro 1970 - Alguns poucos jovens timorenses começam a discutir como alcançar a independência de Portugal. Este grupo inclui Mari Alkatiri, Nicolau Lobato, Justino Mota e Ramos Horta. Iniciaram um movimento para defender o nacionalismo Timorense.

25 Abril 1974 - Golpe de Estado (Revolução dos Cravos) em Portugal, significa o início do processo de descolonização do Império Português.

20 Maio 1974 - Associação Social-Democrata Timorense ou Associação dos Timorenses Sociais Democratas (ASDT) foi criada para defender o direito à independência imediata para o povo Timorense.

11 Setembro 1974 - ASDT é transformada na FRETILIN para unificar todos os timorenses. É introduzido o conceito de unidade nacional.

11 Agosto 1975 - UDT inicia um Golpe de Estado com o apoio do Comandante da Polícia Maggiolo Gouveia. Militantes da UDT mataram, ameaçaram e queimaram casas de membros e apoiantes da FRETILIN.

Nicolau Lobato perdeu o irmão mais novo, José Lobato, durante o golpe da UDT.

11 Agosto 1975 - A liderança da FRETILIN declara a insurreição geral armada em Aisirimou - Aileu, sul de Dili.

20 Agosto 1975 - Tropas Timorenses decidem defender a FRETILIN contra o golpe da UDT. As FALINTIL criadas como a ala armada da FRETILIN. Combateu-se uma guerra civil entre a FRETILIN e a UDT. Muitas pessoas de ambos os lados foram mortas e feridas.

27 Agosto 1975 - Governador Português Lemos Pires e o seu comité são evacuados de Dili por barco para a ilha de Ataúro imediatamente a norte da capital. Timor-leste ficou sem qualquer poder administrativo.

Outubro 1975 - Tropas Indonésias começam os assaltos na fronteira Timorense em preparação de uma invasão em toda a escala.

28 Novembro 1975 - FRETILIN declara unilateralmente Timor-leste como nação independente com o nome de "República Democrática de Timor-Leste".

A decisão de declarar a independência foi tomada pela FRETILIN porque acreditavam que seria país efectivo para ganhar o apoio internacional contra a esperada invasão Indonésia e ocupação se Timor-leste fosse uma nação independente (como oposto a uma antiga colónia Portuguêsa).

Também, muitos timorenses diziam que preferiam lutar e morrer para uma pátria independente como oposto a uma colónia Portuguêsa.
E, em 30 de Novembro de 1975, FRETILIN forma o primeiro governo. Xavier Amaral é escolhido Presidente e Nicolau Lobato Primeiro-Ministro. Mari Alkatiri é Ministro dos Negócios Políticos.

domingo, 22 de novembro de 2009

Poor sanitation killing kids in East Timor: WaterAid


By: David Coady

An international charity focussed on safe water and sanitation says children are dying needlessly in East Timor due to poor toilet facilities.

WaterAid Australia estimates more than 1000 children die from diarrhoea in East Timor each year and poor sanitation is a reason for this.

Its chief executive, Adam Laidlaw, says diarrhoea rates can be cut by more than a third when there is better hygiene.

"Over 2.5 billion people around the world...don´t have a safe place to go to the toilet, and one of the outcomes of that, particularly in countries like Timor-leste, is that we have a significant number of the child deaths each year due to diarrhoea".

He says the Australian Government needs to do more to improve sanitation.

"We reckon that Australia´s fair share for water and sanitation financing would be around about $350 million per year", he said.

"And currently the spend is around $165 million a year".

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

GESTÃO FINANCEIRA DE GUSMÃO QUESTIONADA NO INTERIOR DO GOVERNO

FRENTE REVOLUCIONÁRIA DO TIMOR-LESTE INDEPENDENTE - FRETILIN

Comunicado de Imprensa - Dili, 18 de Novembro de 2009

Um dia antes do Parlamento Nacional de Timor-leste começar a discutir a proposta do orçamento nacional para 2010, a maioria dos membros do governo de facto da AMP têm criticado publicamente a gestão de obras públicas e levantaram questões relativamente à corrupção.

No diário de Dili, o Jornal Diário Nacional, 16 de Novembro, o presidente do Parlamento, Fernando Lasama Araújo, foi citado: "Essa coisa, o pacote referendo (de infra-estrutura), quando olhamos para a sua qualidade, alguns empreiteiros estão a realizar obras sem qualidade e a roubar o dinheiro do povo".

O ex-consultor do FMI financiado para o Ministério das Finanças, e actualmente chefe da, Head of Pro-Poor Policy Unit and Policy Advisor, UNDP Timor-leste, Rui Gomes, criticou também severamente a actuação do governo num comunicado por escrito à comissão económica do Parlamento. O Sr. Gomes é um líder académico timorense na área de estudos de desenvolvimento.

O líder parlamentar da FRETILIN Aniceto Guterres comentou: "O Sr. Lasama questionou a qualidade e a eficácia da gestão do governo do pacote chamado de "referendo" desde o início. Muitos no Parlamento, organizações não governamentais e a comunicade em geral, manifestaram a sua preocupação sobre este passo mal concebido e juridicamente questionável do Sr. Gusmão. O nosso partido tem a intenção de examinar este pacote na íntegra e está a preparar uma acção judicial em devido tempo", alertou Guterres.

Ontem, o diário de Dili, Timor Post relatou que o deputado sénior da AMP, Rui Meneses, criticou os pontos fracos do Ministério das Finanças e as compras governamentais como a causa da corrupção generalizada.

"O nosso sistema ainda está fraco", disse ele ao jornal, acrescentando que "o ponto fraco é que não há contratação centralizada para suprevisionar todo o projecto. Porque não há nenhuma contratação centralizada, cada ministério compila os seus próprios critérios, não há critérios básicos, tais como as regras gerais para controlar a contratação dos projectos que são iniciados".

Ele acrescentou: "temos que reconhecer que politicamente o projecto do pacote referendo carece de qualidade".

Entretanto, o presidente de Economia do Parlamento Nacional, das Finanças e do Comité Anti-Corrupção, Dr. Manuel Tilman, criticou o governo por não gastar $US 116 milhões de dólares do Orçamento de 2008 até meados de 2009, para o qual ele acusou o governo de facto de falsas declarações ao Parlamento durante o debate do ano passado. "Eles (o governo) estão a mentir quando agora dizem que não há transições. Porque eles pagaram 116 milhões do Orçamento de 2008 até junho de 2009, que deveriam ter feito no final de Fevereiro, e este surgiu no relatório da empresa Deloitte de contabilidade, caso contrário não teríamos conhecimento", relatou o Jornal Nacional noticiando estas declarações como sendo de Tilman em 17 de Novembro de 2009.

O Sr. Guterres comentou: "O Sr. Gusmão foi apanhado. Ele tem dito repetidas vezes ao Parlamento e ao povo de Timor-leste que as "transições" eram más e que o seu governo tinha eliminado essa prática. O relatório de auditoria da Deloitte mostra claramente que isso não é verdade. A gestão das finanças públicas do Governo está em desordem, e as instituições multilaterais como o Banco Mundial são cúmplices no encobrimento desta má gestão com a sua persistente incapacidade de resolver os problemas que publicamente os seus assessores e missões descobriram".

O Sr. Rui Gomes, um dos ex-consultores do governo financiado pelo FMI para o Ministério das Finanças, e actualmente chefe da Pro-Poor Policy Unit and Policy Advisor, um Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas em Timor-leste numa recente nota preparada para a comissão parlamentar para a economia, finanças e da corrupção, criticou o pacote de referendo, dizendo que esta despesa "sobrepõem a competência e a autoridade do Parlamento para aprovar e fiscalizar o orçamento e passarem as leis de aquisições do governo e os regulamentos por enfraquecimento competitivo e transparente dos processos de concurso".

O Sr. Gomes também criticou a sustentabilidade do Orçamento proposto para 2010 por este não ser pró-pobre e por ser fortemente inclinado para Dili. "A alocação de dois por cento do orçamento nacional para a agricultura não apenas derrota o compromisso do governo para erradicar a pobreza, mas nega as oportunidades de melhoria dos rendimentos aos lugares pobres de Timor-leste, e está longe de alcançar a segurança alimentar e a redução da pobreza", disse ele. "Com uma elevada taxa de crescimento populacional (3.12% ao ano em média), o objectivo de alcançar a segurança alimentar no país está se a mover na direcção inversa. Acrescentou que existe um fosso entre os ricos e os pobres em Timor-leste: "Os benefícios do crescimento e da distribuição de rendimentos continuou a estar nas mãos dos 20% mais ricos da população. O contínuo declínio no crescimento da agricultura tem agravado o problema da desigualdade de rendimentos".

O Governo de facto de Gusmão tem enfrentado acusações persistentes de corrupção, concluio e nepotismo nos últimos dois anos e meio.

O órgão de fiscalização de anticorrupção, o Gabinete do Provedor de Direitos Humanos e Justiça, investigou e recomendou acções legais ao Procurador Geral da República contra um número de ministros no governo de facto, incluindo a Ministra da Justiça, Srª Lúcia Lobato, a Ministra das Finanças, Emília Pires, e o Vice Primeiro-Ministro José Luís Guterres.

"O Sr. Gusmão gosta de apregoar-se como um cruzado de anticorrupção. A verdade é que a conversa dele é tudo "ar quente". O Parlamento aprovou por unanimidade uma lei que institui uma comissão anti-corrupção, mas até agora ele não conseguiu nomear um candidato ao parlamento para a dirigir. Ele também não conseguiu nomear o novo Provedor de Direitos Humanos e Justiça. Por agora, Timor-leste está sem um sistema eficaz de vigilância contra a corrupção. Que conveniente, num momento em que ele e seus ministros estão a enfrentar críticas sem precedentes de má gestão financeira e de corrupção, inclusive dentro das suas fileiras", disse Guterres.

Para encerrar o Sr. Guterres disse que o governo de facto parece ter a intenção de continuar a invadir o Fundo Petrolífero da nação com grandes orçamentos de que é incapaz de forma legal e efectivamente gastar, e que não apresenta resultados para a erradicação da pobreza e desenvolvimento humano.

Para mais informações entre em contacto com o deputado José Teixeira: +670 728 7080 ou fretilin.media@gmail.com
Traduzido por: ZIZI TIMOR OAN

terça-feira, 17 de novembro de 2009

“IV GOVERNO CONSTITUCIONAL” OU SOCIEDADE UNIPESSOAL (I) LIMITADA?


Por: Mari Alkatiri*
(Segunda Parte)

Falávamos das reformas de Xanana e já íamos no décimo acto. Prometemos continuar esta micro-cirurgia e, por isso, ainda temos mais algumas que marcaram estes pouco mais de dois anos de governação de Xanana.

O décimo primeiro acto de reforma é a restrição dos direitos fundamentais dos cidadãos. Xanana Gusmão como Presidente da República transformou a Presidência no centro da dinamização da Sociedade Civil e dos Partidos da oposição. Fez da defesa dos direitos dos cidadãos o cavalo de batalha contra o I Governo Constitucional até ao limite do intolerável que foi em 2006 quando se colocou ao lado dos "peticionários" e dos insurrectos contra o Comando das F-FDTL e o Governo. (Ainda nos recordamos das declarações de "Já Ganhamos a Guerra" feitas em frente do Palácio do Governo diante dos manifestantes que espalhavam ódio e violência). Hoje, Xanana dá um volte-face, roda cento e oitenta graus e, escundando-se na teoria da segurança nacional, ameaça cidadãos em geral, intimida jornalistas, amedronta o povo, prolifera "bufos", prende estudantes quando pacificamente se manifestaram no campus universitário, persegue políticos rivais com o seu aparato de inteligência e com a sua declaração "ami sei prende líder sira balu", i e, "vamos prender alguns líderes", ameaças que se vão tornando prática policial sempre que se verifica um mínimo gesto, um movimento social ou político de manifestação contra erros da sua governação. As Organizações da Sociedade Civil outrora muito activas, hoje, com raras e honrosas excepções, a maioria, porque recebem financiamento do "Governo", preferem o silêncio, talvez a resistência passiva.

O décimo segundo acto de reforma relaciona-se com a média. O "Governo" Xanana tudo tem feito para controlar a média. Controla totalmente a TVTL. Compra páginas de jornais, paga tempo de antena na Rádio e Televisão para espalhar propaganda de iniciativas sem consistência com a do arroz híbrido, de distribuição de tractores, ou de enxurradas de Memorandum de Entendimento sem qualquer consequência, assinados de cruz ou ainda de acordos e adjudicações feitas sem concurso público sobre projectos de investimento que nunca acontecem e que depois ficam nas gavetas (Exemplos: cem mil hectares para cana de açúcar, outros milhares de hectares para frutas, geradores a óleos pesados vs electricidade para todos a 30 de Agosto de 2009, gasoduto do Mar de Timor para Timor-leste, Base de Apoio para às actividades de exploração petrolífera no Mar de Timor, Produção de Bio-Fuel, etc. e etc., tudo mega-projectos comprados a vendedores de banha de cobra no mercado informal da região). Mas os órgãos de Comunicação Social, com algumas excepções, fizeram eco de tudo isso, obedecendo à política de intoxicação definida e executada pelo "Governo" Xanana. O importante é continuar a fingir que algo está a ser feito.

Hoje, em pleno ano que ele próprio declarou ser de infraestruturas, perante o fracasso nesta área, escuda-se na paz social e política como o sucesso da sua governação. Usando a média acusa a FRETILIN de só saber medir o progresso em quilómetros de estradas e pontes. Xanana sabe muito bem que existe paz social e política porque existe uma FRETILIN que embora injustiçada recusa a violência e demonstra grande sentido de Estado. Se Xanana estivesse na oposição ou como Presidente da República com a FRETILIN no Governo certamente que não teríamos nem paz, nem estabilidade social e política. Pelo menos assim foi no passado recente.

O décimo terceiro acto de reforma traduz-se na proibição de vida democrática pluripartidária nas eleições para líderes comunitários. Xanana e os seus associados (sim, associados não sócios) na Sociedade Unipessoal (i) Limitada que se auto-intitula de "IV Governo Constitucional" tudo fizeram para impedir que os resultados das eleições viessem a confirmar a ilegitimidade deles como "Governo". Assim, através da revisão da Lei simplesmente proibiram a apresentação de candidatos por partidos políticos. Mas os resultados vieram e todos sabem o que eles acabam por demonstrar.

O décimo quarto acto de reforma reduz-se na privatização da descentralização administrativa baptizado com o nome "descentralização do sistema de aprovisionamento" (1).

Xanana disse que "após várias reuniões e discussões com o sector privado" (2) os empresários "estão encorajados com a possibilidade de participarem mais activamente no desenvolvimento do País e ávidos de maiores responsabilidades no processo de construção do Estado" (3). Isto só (?) representa setenta milhões de dólares para serem gastos em dois ou três meses.

Como Xanana categoricamente afirma, o "Governo" decidiu fazer um "teste" multimilionário de "projectos de pequena dimensão para serem executados até ao final do ano" (4).

O "teste" reduz-se no seguinte: O "Governo", face à sua incapacidade de executar o projecto de construção de Central Eléctrica, reconhece no dizer do Xanana que ":deparamo-nos com a poupança de 70 milhões de dólares americanos, alocados a este projecto no ano financeiro de 2009" (5).

Assim, o "Governo", incapaz de executar um mega-projectos aprovado pelo Parlamento Nacional, rectifica, repito, rectifica ele próprio o Orçamento (sem aprovação do Parlamento como determina a Constituição) e inventa cerca de 700 pequenas obras (sim, obras e não projectos) a serem executadas em menos de três meses. Para dar cobertura legal aprova um Decreto-Lei que introduz um sistema de "aprovisionamento especial". Este não é nada mais que abrir caminho para o governo se demitir de algumas das suas funções e responsabilidades entregando-as ao Sector Privado. Assim, a Associação Empresarial de Construção Civil e Obra Públicas é chamada para criar à golpe de marreta associações distritais e sub-distritais que "perante a lista de projectos entregues em cada distrito, responsabilizam-se pelo processo de adjudicação de forma transparente e justa em termos de distribuição" (6) (sublinhado é nosso). Não sabemos qual é o sentido aqui de transparente e justa uma vez que nenhum concurso público foi realizado por nenhuma entidade. Simplesmente se decidiu distribuir.

Na verdade, não existem projectos. A Sociedade Unipessoal (i) Limitada de Xanana Gusmão não tinha incluido nos seus sonhos para 2009, para serem reflectidos no Orçamento, projectos desta natureza. Colacado perante a não execução de um mega-projectos (hoje comprovadamente feito sobre os joelhos) o sonho transformou-se em pesadelos e Xanana levado mais uma vez pela sua intuição devoradora de recursos públicos como solução para todos os problemas fez a decisão de modo a evitar "carry over" (transportes de verbas). De uma forma irresponsável que chamou de "arrojado e inovador" recupera potenciais projectos para 2010 e distribui-os como prenda de Natal aos empresários em finais de 2009. Qualquer governante responsável teria preferido transportar este montante ou reorçamentá-lo para 2010. Como foi feito, o que vai acontecer é esbanjar recursos públicos com obras que, se existirem, não terão qualidade. Devoram-se assim setenta milhões de dólares em menos de três meses.

A opção de Xanana de responsabilizar o Sector Privado pela adjudicação de projectos e Obras Públicas é inaceitável pelo seguinte:

i. Existe, à partida, um conflito de interesses. O Sector Privado, interessado em ter acesso aos projectos, é ele próprio responsável pela adjudicação e fiscalização.

Hoje já é corrente ouvir denúncias de que alguns "coordenadores" do "Pacote de Referendo" criaram empresas em nome de familiares ou amigos seus nos distritos e sub-distritos e adjudicaram obras aos mesmos. Outros ainda, residentes em Díli, mais informados, estabeleceram empresas nos seus Distritos de origem para beneficiarem dos projectos;

ii. É uma decisão impensada do "Governo": O "governo", sabendo-se incapaz de desenhar 700 projectos, com qualidade, num período de tempo de dois ou três meses e, não querendo assumir o fardo da não execução de mega-projectos, demite-se das suas responsabilidades e transfere-as de uma forma irresponsável para o Sector Privado. Mais irresponsável ainda, diria mesmo, um crime, quando se sente no direito de fazer um "teste" com setenta milhões de dólares, transferindo este montante, ou pelo menos, os primeiros mais de trinta milhões de dólares para contas privadas, antes da execução das obras.

Tudo isso porque Xanana quer "projectos concretos...que beneficiem o sector privado..."(7) e que, como sempre, algumas migalhas chegarão às "populações a nível local de todo o País" (8). É vontade do Xanana e, para os seus associados, é Lei. Cumpra-se.

Mais redícula ainda quando Xanana considera a não execução de um mega-projectos como "poupança de setenta milhões de dólares americanos" (9). Fica aqui patente a falta de entendimento do que um Orçamento de Estado significa. Não há poupança em termos de execução do Orçamento de Estado. Ou se sabe, previamente, desenhar um programa de qualidade e que seja exequível, incluí-lo no plano de acção anual, dotá-lo de verbas para o viabilizar, ou não. Mais ainda, ou se tem capacidade para executar ou não se tem. Quando nada disso acontece, o que existe é a não execução do plano, do programa, do projecto, em suma, do Orçamento.

O bom senso ensina-nos que os projectos multimilionários só podem aparecer depois de muito estudo prévio, depois de muita consulta multisectorial feita com muita transparência. Há que se ter em consideração todo o tipo de impacto - social, económico, cultural, ambiental, político. Tudo isto considerado garante a sustentabilidade do projecto. O que aconteceu foram secretismos. Tanto secretismo que certamente escondia muita fraqueza e falta de seriedade. Fazer o estudo depois de uma opção, à partida, desastrosa só prova que o "Governo" navega em águas turvas e, por isso, confunde tubarões com pacíficos golfinhos.

Falando de poupança sim temos (ainda temos, apesar da onda devoradora dos recursos públicos). A nossa poupança, como todos sabem, é o Fundo Petrolífero estabelecido pelo Primeiro Governo Constitucional.

O décimo quinto acto de reforma relaciona-se com a relação Governo/Parlamento Nacional. Qualquer Governo apoia-se na maioria que tem no Parlamento para poder garantir uma estabilidade governativa. O que não se admite é que o Governo torna as bancadas que o apoiam cúmplices das suas decisões inconstitucionais, ilegais e irresponsáveis.

O que tem acontecido é absolutamente inaceitável. Como Sociedade Unipessoal que é, o seu único sócio de nome Xanana faz as decisões e impõem-nas a todos os seus associados, particularmente os deputados da AMP. Aparece no Parlamento com mega-projectos de geradores obsoletos e obriga os deputados da AMP a defender o projecto e a votar a favor. No ano de execução do mesmo chega a conclusão que o projecto não serve, procura outras opções e mais uma vez, temos a certeza, que vai exigir dos deputados da AMP que se abstenham de fazer críticas e votem a favor. Um desrespeito por um Órgão de soberania com competência para legislar e fiscalizar as actividades do Governo. Um atentado à dignidade dos deputados.

O décimo sexto acto de reforma prende-se com a conversão da Administração Pública numa administração temporária. A Administração Pública converteu-se em centro de emprego (mas não de trabalho). De cerca de dezoito mil funcionários em 2007, temos hoje próximo dos quarenta mil. A maioria, admitida por este Governo, são funcionários temporários. Por isso, a Administração Pública tem, ela própria, o carácter de administração temporária. É uma engrenagem pesada, uma máquina parada.

Talvez por isso mesmo veio a parte caricata da reforma que é a limpeza geral às Sextas-Feiras. Limpeza das ruas, avenidas e praias de Dili, feita compulsiva e religiosamente pelos funcionários públicos com Xanana e Ramos-Horta a comandarem. Nunca faltou a cobertura feita pela TVTL para declarações de ocasião proferidas pelos grandes senhores da limpeza semanal. Sugerimos que a limpeza comece nos Ministérios e Secretarias de Estado em prol de uma função pública capaz e de uma instituição forte.

Não podemos falar das reformas sem mencionarmos a revisão da Lei Tributária. Perante o aumento de receitas petrolíferas o "Governo" decidiu adoptar uma nova Lei Tributária, convertendo Timor-leste num quase paraíso fiscal. Ao reduzir drásticamente os impostos o "Governo" acreditava que iria imediatamente baixar os preços e assim cumpriria uma das suas promesas eleitorais. Na verdade, o que temos assistido é o aumento dos preços de todo o tipo de produtos disponíveis no mercado. O "Governo" não tem sido capaz de explicar este fenómeno. Actualmente, só o arroz para o consumo geral da população, porque é altamente subsidiado, é vendido a um preço acessível. Se retirarmos este produto dos nossos cáculos macro-económicos, não tenho dúvidas que a inflacção dispara para níveis muito superiores daquilo que oficialmente se apresenta.

(Continua)

*Secretário-Geral da FRETILIN e Primeiro-Ministro do Primeiro Governo Constitucional

sábado, 14 de novembro de 2009

“IV GOVERNO CONSTITUCIONAL” OU SOCIEDADE UNIPESSOAL, LDA? (I)


Por: Mari Alkatiri*
(Primeira Parte)

I. Um Olhar pelo Retrovisor

Nestes últimos dois anos, Timor-leste tem andado à deriva e a mercê de uma gorvernação unipessoal, de jure inconstitucional, de facto ilegítima e, pelos actos fundamentais praticados, coática.

Em 2006, o Presidente da República Xanana Gusmão assumiu-se abertamente como líder da oposição ao I Governo Constitucional. Comandou tudo o processo que culminou com um golpe semi-constitucional, semi-insurreccional contra o Governo. Na altura, buscou alianças internas e externas, reuniu à sua volta todas as pessoas que sempre se colocaram contra a FRETILIN ou ainda outras que se afirmavam e se afirmam fretilins mas que continuam a limentar sonhos de puderem transformar a organização histórica que libertou o país numa sociedade de compadrios. A estas se juntaram ainda outras outrora sobejamente conhecidas como totalmente contrárias à ideia da Independência de Timor-leste.

Uma aliança desta envergadura, um enlace poligâmico simulado como este só se pode construir à custa de muitos compromissos, cumplicidades e de muitas incongruências. Um dos grandes, senão o maior compromisso, foi o de derrubar o Governo da FRETILIN e não permitir que esta retomasse o poder em 2007. Uma aliança construída sobre o signo da ambição desmedida pelo poder acrescida de inveja incomensurável e da necessidade de um enriquecimento fácil e rápida.

Torna-se assim muito clara que a aliança que se construiu teve como único objectivo continuar a luta, outrora de Suharto, contra a FRETILIN. Hoje, com a voracidade como retiram dos cofres os recursos existentes e embarcam de forma irresponsável no processo de endividamento do país denúncia de um modo mais claro as razões que estiveram na base do golpe de 2006. Acredita-se que Xanana Gusmão passou a assumir a luta contra a FRETILIN a partir do momento em que viu frustradas todas as suas tentativas de impor o seu estilo de liderança unipessoal (de comando da luta) e perdida a sua esperança de teleguiar a organização. Outros viram nisso uma única oportunidade para se colarem ao Xanana e fazerem o assalto ao poder.

Uma vez no poder, Xanana Gusmão começou logo por demonstrar estar confuso e desconhecer a ciência da gestão do processo governativo. Mais evidente ainda foi a incapacidade de assumir a continuidade institucional do Estado para assim poder definir planos e programas de desenvolvimento sem escangalhar o sistema. Confundiu sucessão de Governos com sucessão de Estados. Isto tornou-se notário no debate e aprovação do Programa do Governo e dos sucessivos Orçamentos. Ficava patente o estilo bonapartista do " I´Etat c´est moi" (o Estado sou eu), estilo que tem afirmado na gestão dos destinos da Nação. Confundiu os seus sonhos, próprios de uma indigestão de ideias, com as necessidades reais do país, as suas visões caleidoscópicas com o país real. Cometeu erros crassos na definição de prioridades e das metas a atingir. Ignorou os factores subjectivos e objectivos que concorrem para uma governação moderna. E o país continua a ser (des) governado com um governo fraccionado, desintegrado, sem nenhum sentido de corpo nem de equipa. Cada Ministério/Secretária de Estado assume-se como uma realidade autónoma, diria mesmo, quase independente, a digladiarem-se na busca de projectos. Porque projectos significam dinheiro, repito, dinheiro e não obras, todo o esforço é orçamentar rios de dinheiro para projectos indefinidos. (Exemplo: identifica-se um troço de estrada, e logo a apresentar como um projecto sem antes se fazer um levantamento técnico completo para se definirem as especificações e os custos. O preço é empolado de modo a se poder pagar o executante e adjudicante da obra e selar a cumplicidade). Cresce cada dia mais a prática do projectismo que se sobrepõe ao plano e aos programas. Os departamentos dos Ministérios convertem-se em verdadeiras comissões de gestão de projectos desgarrados, sem nenhuma preocupação de harmonia institucional e sustentabilidade pragmática e ambiental. O que querem é dinheiro, muito dinheiro para se gastar em pouco tempo. Porque só assim podem enriquecer-se rapidamente. Na verdade, cerca de dois mil milhões de dolares já foram gastos em dois anos. É tempo de se perguntar o que realmente foi feito?. Xanana tornou-se refém da própria aliança que construiu. Hoje dança na corda bamba, num equilíbrio díficil para se manter no comando de uma equipa corrupta.

II. Governação ou (des) governação?

Quando apresentou o seu Programa de Governo, Xanana Gusmão acreditava que até 31 de Dezembro de 2007 teria os problemas dos deslocados, dos peticionários e de Alfredo resolvido. Era forte convicção, um verdadeiro acto de fé.

A realidade foi totalmente diferente. Os problemas não ficaram resolvidos em 2007. O que realmente aconteceu foi que, do orçamento aprovado para o período Transitório de Julho/Dezembro de 2007, mais de setenta e três milhões de dolares sumiram sem a apresentação de qualquer tipo de justificativo aos auditores externos (vide relatório da auditória externa DELOITTE). (Recorde-se que setenta e três milhões de dolares foram o Orçamento do Estado para todo o primeiro ano e repetido no segundo ano de governação do Primeiro Governo Constitucional). Mais redículo ainda quando o Governo de facto AMP, através de seus porta-vozes, responde ao relatório de Deloitte a afirmar sem qualquer escrúpulo que os auditores estão errados.

A solução que se encontrou para os problemas atrás referidos, à excepção do fenómeno Alfredo, assentou-se na compensação financeira. Nenhum esforço palpável foi feito pelo governo no sentido de se resolver a génese de conflito de 2006 que calou bem fundo no íntimo de cada timorense vítima da crise e das ambições do poder. Mesmo assim, tudo foi realizado ou em 2008, ou já em 2009. Até hoje, são os únicos casos de "sucesso" apresentados pelo Governo de facto AMP (Aliança das Minorias Perdedoras). Estamos para ver se são mesmo casos de "sucesso"!

Xanana Gusmão entrou para o ano 2008 a dar largas aos seus sonhos. Verdadeiras prosas foram publicadas em 2009 por bajuladores seus tentados reduzir a luta no passado recente e o projecto do futuro de Timor-leste à simples realização dos sonhos de Xanana. (Este, a todo o custo, querem que Xanana se coloque na galeria dos grandes, onde se encontra Martin Luther King jr que moveu e comoveu os negros-americanos com a sua afirmação "I have a dream": "Eu tenho um sonho". Compreende-se o esforço dos bajuladores, porque sem Xanana desapareceriam da cena política). Até porque Xanana não precisa dos bajuladores para ver reconhecido o seu passado como líder da Resistência. Só não queremos que se ignore o presente tentanto sempre encobrir os erros, a má gestão, as ilegalidades praticadas com glória do passado.

Mas, o sonho mais mediatizado de Xanana foi, e é, o da "reforma institucional, da Administração Pública e da Gestão Financeira do estado".

Assim, 2008 foi declarado o Ano da Reforma.

Na verdade, a primeira grande reforma acontecera já na (de) formação do Governo como instituição. Um monstro desestruturado onde impera a confusão e muita intersecção e sobreposições de funções. Torna-se evidente que é um governo criado para agradar todas as partes que compõe a "Aliança". Fica aqui bem patente a qualidade da reforma institucional - criar monstros que mal conseguem andar com as suas próprias pernas.

O segundo acto de reforma foi a desvalorização das capacidades já desenvolvidas no seio dos funcionários públicos timorenses ao longo de sete anos. Incutiu-se "a caça às bruxas". Como resultado, inundaram os Ministérios de Assessores inernacionais e nacionais, na maioria pouco qualificados, a receber salários escandalosos, e a desempenhar funções executivas. Os funcionários timorenses foram reduzidos a simples expectadores. Funcionários temporários são recrutados aos milhares e nomeados para cargos de chefia.

Assumindo a "incapacidade" dos funcionários timorenses como argumento, surgiu a terceira grande reforma que é a da desagregação (a que chamam de descentralização) do sistema de aprovisionamento (cuja lei era, conforme Xanana Gusmão na sua carta endereçada ao Presidente do Parlamento Nacional a 4 de Novembro de 2009, "consubstanciada nas boas práticas internacionais dos países mais desenvolvidos mas, infelizmente, a nossa própria sociedade ainda não está na fase de aprender os processos mais simples de preenchimento das propostas intrínsecas e este processo") o sublinhado é nosso.

A quarta grande reforma foi a do escangalhamento de todo o sistema de gestão orçamental e financeira. (O orçamento já não representa um plano anual de acção mas sim uma cobiça dos ministros, vice-ministros e secretários de Estado, com Xanana à cabeça. É, acima de tudo, um saco azul e um fundo de contingências). Será também por falta de capacidade da "nossa sociedade de aprender os processos mais simples"? (idem) "Na prática optou-se pela via de gastar dinheiro em vez de cumprir programas, respeitar a estrutura do Orçamento aprovado pelo Parlamento Nacional de modo a executar projectos para criar e desenvolver infraestruturas, reforçar as instituições, desenvolver capacidades, prestar serviços e adquirir tecnologias adequadas. Inundam as transferências de verbas (setecentas em nove meses) sem rspeitar minimamente a Lei do Orçamento e a Lei da Gestão Financeira. A capacidade do Governo deixou de se medir pelos resultados obtidos, pela qualidade e utilidade do produto adquirido mas sim pelo dinheiro dispendido ao longo do ano. Fala-se do crescimento económico que é apresentado como o fim em si do desenvolvimento. Não se olha para a qualidade deste crescimento reflectida na prestação dos serviços ao público no número de postos de trabalhos criados, em obras com impacto económico e social a curto, médio e longo prazos. Ignoram-se outros elementos ou efeitos macro e microeconómicos e sociais como o PIB, o custo e a qualidade de vida, saúde materno-infantil, a qualidade da educação, o índice de desenvolvimento efectivo nas áreas rurais, a balança comercial, o índice da pobreza, a inflação, etc. Fecham-se os olhos à degradação da Administração Pública onde imperam o nepotismo, a corrupção, o concluio, a arrogância, a incompetência trazida com a admissão em massa de amigos, membros dos respectivos Partidos e familiares para os serviços públicos.

A quinta grande reforma foi e é a governação por decretos do Governo e Directivas do Primeiro-Ministro. Decretos e Directivas que violam a cosntituição e atropelam as leis. (Como por exemplos podemos apresentar a aberração legal que foi a Directiva do Primeiro-Ministro para abrir caminho a que o Orçamento de 2008 pudesse ser executado até Julho de 2009. Com isto o Ano Fiscal em vez de coincidir com a ano civil, prolongou-se por mais dezoito meses. Mas têm o desplante de apresentar "carryover O" de 2008 para 2009. Outro exemplo é mais recente: através de um Decreto-lei que o Presidente da República promulgou, assinado de cruz, Xanana Gusmão introduz normas de "aprovisionamento especial" como forma subtil de adoptar um Orçamento Rectificativo sem ter que passar pela discussão e aprovação do Parlamento Nacional. Sim, Xanana teve a possibilidade de voltar ao Parlamento Nacional e apresentar para aprovação o Orçamento Rectificativo de 2009 transportando verbas não executadas para outras rubricas orçamentais. Só que Xanana parece ter acordado tarde demais do sonho "inovador" como ele próprio afirma na carta enderaçada ao Presidente do Parlamento Nacional. Assim, violou a Lei orçamental e a Lei de Gestão Financeira. O "aprovisionamento especial" não pode ser usado para se efectuarem transferências ilegais de verbas. (Mais adiante trataremos deste assunto com mais detalhes").

A sexta grande reforma relaciona-se com a função pública. Esta transformou-se num monstro devorador dos recursos públicos e não no bom administrador e gestor dos mesmos, como se exige que seja num Estado de Direito Democrático.

A sétima grande reforma está na relação contas e resultados. Não existem preocupações em se fazer o balanço para se aferir se os resultados obtidos e as receitas colectadas correspondem ou justificam o volume das despesas já efectuadas. Não há a mínima preocupaçõa em contabilizar os custos e torná-los mais eficientes. Tudo se faz movido pela intuição (com base numa experiência passada de unidades autonómas de resistência), de modo empírico (revela-se ódio a um raciocínio objectivo, científico, a decisões com base na lei e nas melhores práticas) e irresponsável (porque se considera acima de todas as normas reguladoras de uma governação democrática).

Oitava grande reforma passa pela interferência na justiça. O Governo viola a constituição e as leis, desrespeita a justiça, intimida os juizes (expulsando os mais corajosos), enfraquece os tribunais, retira prisioneiros da prisão.

A nona grande reforma está na relação com o sector privado. O Governo não investe com vista a reforçar a capacidade do sector. Só despende. A propalada promoção do sector privado faz-se através da distribuição de avultadas somas de dinheiro público sem a mínima preocupação com a estruturação de projectos com claras especificações de modo a se poder permitir uma fiacalização efectiva e garantir a qualidade da obra ou do produto adquirido. Compra-se sem se preocupar com a qualidade do produto comprado (não se sabe se se compra o produto ou o vendedor, tornando-o parceiro na onda delapidadora do erário público, construção de uma base de apoio às actividades no Mar de Timor em Suai). Obras, só de fechada (jardins, urinóis públicos sem água, etc.) e reabilitação de residências oficiais sem limites orçamentais, atingindo os quinhentos, seiscentos e setecentos mil dólares. Projectam-se quartéis de sessentas milhões de dólares para uma Polícia Nacional de não mais de três mil e quinhentos efectivos em todo o país. Qual é então a rátio utente/custo do projecto?

Contudo, não se sentem actividades de saúde pública a serem implementadas de modo estruturado, sistemático. Nenhuma preocupação com o saneamento, no mínimo, como parte de combate à malária, o dengue, etc.

O Governo faz a apologia da promoção do sector privado. Todos nós o fazemos e queremos que isto aconteça. A grande diferença aqui está na seriedade do processo. Sim, desenvolver o sector privado também é um processo. O que acontece é que não existe um programa claro de capacitação e desenvolvimento do sector. Longe da vontade séria de criar verdadeiros profissionais que possam competir no futuro, dentro e fora do país, prevalece o paternalismo barato de um Estado providência onde vem a tona a demagogia e o popolismo. Assim, criam-se novos-ricos mas nunca um sector responsável com capacidade para se afirmar neste mundo que é cada vez mais competitivo. Matam-se assim as potencialidades que existem no nosso país para o crescimento de um sector privado forte com o vírus do facilitismo delapilador do erário público para agradar a uns e só em termos imediatistas, deixando a maioria cada vez mais vítima do elevado custo de vida. É a maior pandemia por que passa a nossa sociedade. (Será que podemos registar este novo vírus com o nome de vírus XG/RH?).

No que toca ao sector privado, em particular a nova geração de empresários, queremos incutir cultura empresarial e espírito empreendedor. Queremos e devemos aceitar o desafio da criação de uma classe de futuros investidores nacionais que se assumam como motor gerador de emprego e de riqueza na agricultura, no comércio, na indústria, nos serviços, nas construções, etc. Como disse, temos potencialidades. Importa saber adoptar um programa claro de desenvolvimento destas potencialidades. É isto não se compadece com medidas voluntaristas e irresponsáveis como o apregoado "Pacote do Referendo" que mais adiante merecerá uma análise em detalhes.

A décima grande reforma passa pela manutenção de uma governação em permanente situação de emergência. O Governo, incapacitado de planear e programar os seus trabalhos, definir prioridades e metas como parte de todo um plano integrado, governa em função de um Comando unipessoal na total subordinação aos sonhos do seu chefe. Assim, em nome de uma estabilização económica e de uma emergência (?) na satisfação das necessidades básicas do povo, importa arroz para o consumo de dois anos. O mesmo pertende fazer em relação a material de construção. Há informações que indicam que até a data ainda está por chegar ao Porto de Díli arroz que teoricamente deveria ter chegado até 31 de Dezembro de 2008.

Por outro lado, distribuem-se tractores aos agricultores, em particular, agricultores filiados nalguns Partidos que compõem a AMP. Naturalmente, a solução de agricultura não se limita a distribuição de tractores. Muito menos se pode querer que os agricultores aumentem a produção entregando tractores sem a devida preparação mínima, treinos para a utilização dos mesmos e sem condições para a sua manutenção. Para haver aumento de produção alguns factores são necessários ter em conta. Eles são preço e qualidade dos produtos ou a necessidade se produzir. Se se prolongar a situação de emergência com distribuição de produtos básicos mais baratos, há necessidade de se baixar os custos de produção doméstica com aumento de produtividade e de qualidade. Se esta equação não for considerada, mesmo que o Governo utilize receitas de outras fontes para adquirir toda a produção doméstica, não se resolve o problema. Simplesmente não consegue a competitividade. Há pois a necessidade de se encontrar aqui um equilíbrio entre o que é volitivo e o que é racional. Ginasticar um pouco o cérebro não encurta a vida a ninguém.

Na verdade, mantendo oficialmente a premanência da situação de emergência facilita porque abre caminho para dispensar concursos públicos na aquisição de serviços e produtos ou na adjudicação de obras. Tudo é feito por acerto directo ("single source"). No acto, ficam as portas abertas para se negociarem as comissões em vez dos preços. Quanto mais cara for a obra ou o produto, mais elevado é a comissão. Melhor, quanto mais cheio é o envelope mais cara é a obra. É assim a Sociedade Unipessoal (i) Limitada, vulgo, "IV Governo Constitucional" vai delapidando o erário público, para retirar da pobreza os seus associados. Destes, a chamada AMP, porque todos beneficiam ou porque todos se sentem dentro do mesmo barco, o Comandante Xanana Gusmão beneficia da garantia de cumplicidade no Parlamento e também do Presidente da República (sem direito a veto) que cada vez mais se afirma como advogado e porta-voz da Sociedade Unipessoal (i) Limitada. Escundam-se no passado do Xanana para justificar todos os seus erros e incapacidades demonstradas no presente.

Obs: Na segunda parte falarei sobre mais "reformas"

(Continua)

* Secretário-Geral da FRETILIN e Primeiro-Ministro do I Governo Constitucional

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

GUSMAO SIGNED MULTI-MILLION DOLLAR FUEL CONTRACT TO NEPHEW

FRETILIN - Média Release
13 de Novembro 2009

FRETILIN MP Inácio Moreira today colled for an urgent investigation into the awarding to Nilton Gusmão, a nephew of the Prime Minister, part of the contract to supply fuel for government vehicles, following a tender in 2007. Nilton Gusmão dos Santos is a principal of Esperansa Timor Oan, the company concerned.

According to section 3 of law 7 of 2007 on Constitutional Officeholders (which was proclaimed into law by President Ramos Horta on 22 july 2007), Esperansa Timor Oan should not have been allowed to tender for fuel supply contract, if Nilton Gusmão held 10 per cent or more of the shares, directly or inderectly, in the company.

"We are only able to raise questions about the fuel supply contract because of a report in the local media, whereas the Finance Minister should have upheld the law and avoided the tender proceeding the way it did", said Mr Moreira.

"FRETILIN wants this tender and contract urgently investigated by the Ombusdman for Human Rights and Justice. When the new Anti-Cooruption Commissioner is appointed, if the investigation is not finalised, it should be handed over to that official to deal with under the new anti-cooruption law", said Mr Moreira.

On May 26, 2008, the Finance Minister Ms Emilia Pires signed a contarct with ETO and another company, Aitula Fuels, as a result of the tender process. After a trial period of six months, the contracts were extended for a further four and half years, this time signed by the Prime Minister.

The total contract over four years is worth at least US$8 million, with Esperansa Timor Oan providing fuel for state vehicles in the Districts of Lautem, Baucau, Viqueque, Manatuto, Oecussi and Dili district, while Aitula Fuels looks after Aileu, Ainaro, Same, Suai, Liquica, Ermera, Maliana? and olso Dili district.

The Dili weekly newspaper, Tempo Semanal, reported this case on Setember 7, 2009, noting that their journalists were denied information on the share holders of ETO from the Directorate of Business Registration of the Ministry of Tourism, Commerce and Industry.

"Tempo Semanal focused more on the anomaly that Nilton Gusmão signed a contract written in the name of the principal of the other company, Aitula Fuels, and asked if the Prime Minister saw this signature when he signed. But FRETILIN is much more concerned that ETO was able to both tender and be awarded such a large contract. In the meantime we have heard nothing from the de facto government on this even thougt details have been made very public months ago", said Mr Moreira.

For further information please contact: Inácio Moreira MP on +670 746 6168 or fretilin.media@gmail.com

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

XIMENES BELO CHEGA HOJE À MADEIRA

Por; Artur de Freitas Sousa
Diário de Notícias - Madeira - Funchal
11 de Novembro de 2009

Nobel da Paz desloca-se à região para o lançamento da segunda edição da obra "Gentio de Timor"

O Nobel da Paz, D. Ximenes Belo, inicia hoje uma visita de quatro dias à Madeira. O lançamento da segunda edição do livro "Gentio de Timor" está no centro da visita do Bispo timorense à região.

O livro publicado em 1935, da autoria do madeirense Armando Pinto Correia, é suportado pela autarquia de Câmara de Lobos no âmbito no município da cultura.

A obra do antigo administrador de Baucau aborda de "forma miniciosa" as tradições e costumes do povo timorense.

Embora raro, o livro do antigo administrador de Baucau assume relevância social e histórica para o povo de Timor-leste. Por estas razões, D. Ximenes Belo solicitou a nova edição da obra. Pinto da Correia é natural do Estreito de Câmara de Lobos, razão pela qual a autarqia acedeu em apoiar a segunda edição.

"Um livro muito completo e inclusivamente, em 1936 houve um antropólogo francês, Arnold Gennep, muito famoso no início do século, que citou o livro de Armando Pinto Correia numa revista francesa", refere José Luís Gonçalves, o magistrado madeirense que trabalhou em Timor durante o período de independência. "Portanto é uma entidade independente que diz mesmo que é um dos melhores livros do mundo em termos de monografia de um povo".

José Luís Gonçalves é o organizador da exposição alusiva ao Massacre de Santa Cruz. Esta mostra em homenagem às vítimas vai estar patente no Campanário Centrum Club a partir do próximo sábado.

Amanhã, quinta-feira, D. Ximenes Belo encontra-se com o presidente do Governo Regional, seguindo-se uma missa em homenagem às vítimas do massacre de Santa Cruz na igreja da Câmara de Lobos.

A apresentação da segunda edição da obra de Pinto Correia está agendada para sexta-feira, pelas 15 horas, no âmbito do IV Fórum da Associação de Escritores da Madeira.

D. Ximenes Belo deixa a Região na tarde de domingo.

A FRETILIN quer divulgação pública de interesses políticos pecuniários

"O deputado da Fretilin, José Teixeira, apelou hoje ao Parlamento de Timor Leste para apoiar a sua poposta de uma nova lei que obriga a declaração pública de interesses pecuniários de todos os cargos públicos, incluindo deputados."

"A sua proposta reflecte a profunda preocupação pública do enriquecimento de uma pequena camada da sociedade timorense, através das decisões de gastos do Governo de facto, enquanto que grande maioria da população permanece muito pobre. Isto vem na sequêcncia da decisão ilegal do governo, de primeiro libertar e depois permitir o regresso à Indonésia do ex-líder da milícia, Maternus Bere, acusado de crime contra a humanidade durante a violência, em Setembro de 1999, em Suai.

Actualmente, o Presidente da República, o Primeiro-Ministro, os seus vices, os ministros e outros membros do Governo e o Presidente do Parlamento Nacional são obrigados a apresentar uma declaração de bens pecuniários ao Tribunal de Recurso, mas estes detalhes não são tornados públicos, como eles são, em muitos países. Os deputados não são obrigados a apresentar essas declarações de interesses pecuniários. Somente um político fez uma declaração pública dos seus interesses pessoais e pecuniários, desde a restauração da nossa indenpência em 20 de Maio de 2002, e este foi o Presidente da FRETILIN, Francisco Guterres "Lu Olo", quando ele foi candidato a Presidente em 2007, enquanto os outros recusaram fazer o mesmo.

"Muitas pessoas supeitaram que vários politicos, incluindo ministros e deputados, têm um conflito de interesses, porque sentiram que os seus interesses pecuniários na Indonésia poderiam ser postos em perigo a menos que fossem mais cooperativos no caso Bere. Essa supeita pública de contas bancárias e grandes apartametos em Jacarta, Bali e Surabaya não é saudável para a nossa jovem democracia. Temos de clarear esta situação, para que possamos eliminar essa possibilidade das mentes do público", exortou Teixeira.

A libertação de Bere tem sido amplamente questionada nos círculos da sociedade civil Indonésia, bem como em Timor-Leste. "Muitos questionam qual foi o verdadeiro motivo para os políticos de Timor-leste, tão ansiosamente acomodarem aqueles que exigiram a libertação de Bere, e até mesmo violar a lei ao fazê-lo?

Nós simplesmente não aceitamos que a Indonésia de hoje iria reagir negativamente contra alguém que tenha de enfrentar a justiça em Timor-Leste, que meramente isto de alguma forma pudesse ameaçar a nossa segurança nacional, e que isso poderia justificar a libertação de Bere", disse o Sr. Teixeira.

"Declarações públicas de interesses pecuniários dos deputados são uma prática comum nas democracias. É ainda mais necessário nas democracias em transição como a nossa. Eu irei introduzir a legislação necessária para alcançar este objectivo. Eu penso também que é urgente que Timor-Leste negocie um tratado de extradição com a Indonesia, para que os nossos respectivos sistemas de justiça possam ter um alcance efectivo para levar os acusados criminalmente a justiça", disse o Sr. Teixeira

domingo, 8 de novembro de 2009

O GOVERNO AMP JÁ NÃO TEM MORAL POLÍTICA PARA CONTINUAR A GOVERNAR O PAÍS


Por; António Guterres

É preocupante quando a justiça e a lei são constantemente ignoradas e violadas pelos próprios governantes, é preocupante quando as pessoas vão perdendo o respeito pelas instituições e pelos seus responsáveis, é preocupante quando o povo constata que a lei não é igual para todos. Sendo assim cada um pode fazer e seguir a sua própria lei, de acordo com a sua conveniência, um caminho que não costuma levar a finais felizes para ninguém.

A recente libertação ilegal de Maternus Bere, ex-comandante da milícia que assassinou centenas de inocentes timorenses no Distrito de Suai foi um grande atentado contra a justiça e o Estado de Direito em Timor-leste. Houve de facto, mulheres, crianças e homens, assassinados a sangue frio.

Esse é um facto indiscutível. O governo AMP está a implementar uma cultura de impunidade no país. Desarmar a justiça e governar o país não com base constitucional, mas sim, em torno das personalidades. A conclusão lógica que se pode tirar daqui é "Anarquia", a mascara que a desobediência civil usa para encobrir a sua verdadeira face.

Sou um adepto da democracia, optimista acerca do desenvolvimento e progresso do país, mas também não deixo de ser realista, com o sistema político adoptado por este governo. Trata-se de um sistema incompatível com a realidade, não contribuindo em nada para fortalecer a nossa democracia. Sem justiça não há desenvolvimento sustentável, sem justiça não há estabilidade política, sem justiça não há segurança.

Os timorenses estão aprendendo a conhecer os políticos que têm. Os resultados da governação não coincidem com o que os actuais governantes andam a propagandear, as condições reais de vida dos timorenses nem de perto nem de longe se aproximam do que prometeram. Com o passar do tempo, o povo deixou de acreditar nos políticos que estão no poder, isto, verificou-se nas recentes eleições para os chefes sucos, onde as populações deram a maioria absoluta à FRETILIN.

Continuando a falar em nome do interesse nacional, pactuar com uma certa forma de ser, pensar e actuar, marcada pela arrogância e pela vontade de controlar tudo e todos. É altura de dizer basta, exigimos uma democracia clara e uma política honesta.

É urgente que os governantes encarem de uma vez por todas a realidade e falem verdade. O povo está farto, porque o governo não consegue apresentar soluções para o país.

O interesse nacional exige que os políticos falem verdade e sobretudo, pautem a sua acção concreta, por uma preocupação sincera e consequente, com o quotidiano das pessoas, sendo coerente não só no discurso mas também no agir. Não vamos conseguir tolerar por muito mais tempo, a política de espectáculo. O país está farto de ser enganado, por isso, 2010 pode muito bem ser o ano da viragem.

Com tantos escândalos na estrutura política deste governo, será que eles merecem ainda a nossa confiança?, será que este governo ainda tem moral política para continuar à frente do país?

Eu creio que não. Considero que até ao momento a FRETILIN é a força política que melhor serviço presta. Uma oposição vigilante, construtiva, atenta e interventiva, que sabe sempre apresentar propostas de governo alternativas, viáveis e sensatas.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

A Justiça e o Estado de Direito estão mortos em Timor-Leste


A FRETILIN apelou hoje para ser lançada uma investigação criminal em Timor-leste para investigar a acção do governo em libertar o acusado assassino de massa, Maternus Bere, que foi levado para a Indonésia na sexta-feira, segundo relatos da média.

O líder parlamentar e deputado da FRETILIN Aniceto Guterres disse que, o primeiro-ministro de facto Xanana Gusmão e outros, claramente violaram a lei com a sua decisão unilateral e executiva de libertar Bere, um ex-comandante da melícia pró-indonésia indiciado por um Painel do Tribunal das Nações Unidas para Crimes Graves, por ter orquestrado crimes contra a humanidade.

"Maternus Bere chegou à Indonésia na sexta-feira e foi levado para um hospital com problemas de saúde não divulgados, disse o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Teuku Faizasyah. Ele não enfrenta acusações, na Indonésia e será um homem livre depois do tratamento". Relatou a AP, na última sexta-feira, 30 de Outubro.

Bere foi indiciado pelo seu papel num ataque contra refugiados indefesos num complexo da Igreja de Suai, em 6 de Setembro de 1999, que matou e feriu mais de 200 pessoas, incluindo muitas mulheres, crianças, idosos e três sacerdotes.

Bere, um cidadão indonésio, foi preso pela polícia de Timor-leste em Suai, em 9 de Agosto deste ano. Um juiz ordenou que ele fosse detido e transferido para Díli, para aguardar o julgamento, mas em 30 de Agosto - o dia em que o povo de Timor-leste celebra 0 10º aniversário do seu voto para se libertar da Indonésia, o Sr. Gusmão cedeu às exigências da Indonésia e ordenou que Bere fosse transferido para a Embaixada da Indonésia em Díli.

A libertação ilegal Bere foi condenada pelo Presidente do Tribunal de Recurso, Juiz Cláudiu Ximenes, Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, o Secretário-Geral da ONU, dois Bispos católicos de Timor-leste, e por inúmeras organizações da sociedade civil, por grupos de vítimas e de veteranos.

Guterres disse que ficou claro que o governo de facto de Gusmão violou novamente a lei, ao ter libertado Bere secretamente por uma decisão unilateral, executiva e extrajudicial.

Ele criticou o governo pelo seu acto "covarde e pela conduta mafiosa ao transformar secretamente Bere para a fronteira, utilizando a polícia de Timor-leste, antes de entregá-lo às autoridades indonésias".

"Nós apelamos ao Procurador-Geral a tomar medidas imediatas para que Gusmão e outros envolvidos, sejam responsabilizados perante os tribunais", disse o Sr. Guterres.

"Estamos ainda à espera de alguma indicação do que é que o Tribunal de Justiça e ou o Procurador-Geral irão fazer em resposta à libertação ilegal de Bere da prisão de Becora, em 30 de Agosto de 2009. O primeiro ministro de facto, Xanana Gusmão, tem dito repetidamnete que ele assume a responsabilidade por esta acção ilegal. O Tribunal e as autoridades do Ministério Público não podem apenas ficar em silêncio sobre esta questão. Eles devem agir para resolver esta farsa de justiça. O público tem um interesse neste assunto, assim como a comunidade internacional, a ONU, as famílias das vítimas e muitas outras pessoas.

"Não houve nenhuma divulgação pública de que Bere fosse para ser entregue. Eles comportaram-se como os senhores de guerra, ou como senhores de um cartel de drogas de cocaína ou como uma célula de terroristas. Ninguém foi informado, os tribunais pelo que é o nosso conhecimento não foram envolvidos, por isso é ilegal, e não houve nenhum acordo de extradição. A defesa do parlamento, a segurança e a Comissão de Relações Exteriores não foram avisados. Nem eu, como líder da oposição, nem ninguém da oposição foi avisado.

"O primeiro ministro de facto deturpou o Parlamento em 12 de Novembro, onde afirmou que Bere que não tinha sido "liberado" da prisão, mas que ele tinha sido apenas transferido de um estabelecimento prisional para outro, ou seja, para a Embaixada da Indonésia, nem mesmo uma criança sugeriria que esta era um estabelecimento prisional.

"Agora o que vai dizer Gusmão? Que ele transferiu Bere para o sistema prisional de um outro país? Se os relatos da imprensa estão correctos, Bere é um "homem livre" de acordo com o porta-voz dos Negócios Estrangeiros Indonésio. Portanto, não é certamente uma extradição, é uma libertação incondicional, e as suas vítimas perderam todas as vias de compensação nos termos da lei e da justiça.

"Este acto deste governo de facto, o último numa longa lista de actos ilegais e inconstitucionais, sinaliza o triunfo da anarquia, de uma cultura de impunidade e do ferimento mortal da justiça e do Estado de Direito em Timor-leste".