Frente Revolucionária de Timor Leste Independente

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terça-feira, 9 de setembro de 2008

A LÍNGUA PORTUGUESA E A TENDÊNCIA DE SER CADA VEZ MAIS ESQUECIDA

Os membros do FAFC voltaram a reunir-se no dia 30 de Agosto de 2008 para mais um debate desta vez intitulado “a língua portuguesa cada vez mais esquecida”. Nesta reunião os membros desafiados como estudantes académicos tentaram responder aos seus alcances dando soluções aos Sinais relacionados com o tema. A discussão foi dividida em três partes: a importância da língua portuguesa na sociedade timorense; o fracasso dos sinais; e as críticas e soluções propostas pelos membros.

1) A importância da Língua Portuguesa

A língua portuguesa deixou as suas marcas na cultura e na identidade timorenses há quase 500 anos atrás com a sua primeira implementação através do ensino muito limitado pelos missionários dominicanos. Esta tarefa foi paralisada pelas sucessivas invasões de outras forças estrangeiras bem como holandesas, japonesas, etc. Entretanto depois da II guerra mundial (1945) esta actividade foi retomada; e depois no período da ocupação indonésia era outra vez proibida quase em todas as escolas em solo timorense. Mas ela não deixou de ser a preferência do povo timorense, ou seja, a maior razão com que a língua portuguesa escolhida pelo parlamento nacional do primeiro governo constitucional, como uma das línguas oficiais de Timor-leste foi sem dúvida por razões históricas. Essa escolha baseia-se não só apenas em uma decisão politica vaga sem reflectir as realidades existentes na cultura e na identidade timorenses – em Tétum e outros dialectos. Ao contrário a essa escolha que parece uma coisa de improviso, entretanto tem uma determinada repercussão plausível sobre a forma como enriquecer a cultura e a identidade do povo timorense.

O facto de ainda não ter havido um movimento, ou uma manifestação de grande escala contra a decisão mostra que a esmagadora maioria timorense a aceita mesmo que o mesmo número não consiga expressar nessa mesma língua. Os mais velhos que, mesmo não saibam escrever nem ler, aceita esta decisão de forma exuberante e com os sorrisos nos lábios. Eles não se preocupam se sabem falar ou não. O que eles preocupam é que para que os seus filhos (as) e netos (as) não se impeçam de aprender melhor essa língua de grande importância. É importante porque com ela que os nossos antepassados utilizavam como termos eruditos nos seus Tétum e outros dialectos ainda bem vivos; que os guerrilheiros transmitiam as estratégias de guerrilha entre si contra o inimigo; que os cânticos da igreja foram e são compostas; que os timorenses diásporas e os povos irmãos dos CPLP fizeram negociações, transmitindo os nossos sofrimentos e a nossa dor ao mundo. Foi por isso que até os nossos Tétum e dialectos cheios de termos da língua de Camões. Isto não significa, portanto, só falarmos sobre a importância de uma língua com outra, mas estamos precisamente a falar sobre a cultura e a identidade timorenses através da influência fortemente linguística e não só dos laços históricos entre colonizado e colonizador. Foi assim também que aconteceu a muitos povos e nações no mundo – aos povos das línguas românicas e das germânicas colonizados pelos romanos e vikings por exemplo.

2) Os Sinais do Fracasso da Língua Portuguesa de Ser Esquecida

No segundo ponto identificar-se-ão os sinais que actualmente fazem enfraquecer o uso da língua portuguesa na sociedade. Neste ponto do debate os membros mostraram as suas preocupações através dos sinais do fracasso, achando que, se não tomarmos medidas adequadas, essa língua tornaria menos importante na sociedade timorense. Os sinais do fracasso identificados, entre outros, são: a não continuação, ou seja um número muito limitado do envio dos estudantes timorenses para Portugal e outros países dos CPLP; não há uma manobra de esforço para recrutar os estudantes licenciados em todas as áreas em Portugal; não há uma política clara entre o governo timorense e o governo português sobre a expansão da língua portuguesa principalmente no território timorense; o domínio da língua inglesa como uma língua dominadora que parece ganhar muito mais espaço.

3) Propostas, Críticas e Soluções

O que propomos é que o governo deve encontrar razões com que este considere importante e procurar meios para que a continuação da língua portuguesa seja estimulada e aprendida pelas todas camadas da sociedade timorense, principalmente as mais jovens. Porque isto trata-se de preparação sólida da futura geração com o conhecimento mais profundo da língua face à globalização. Se o governo não concorde com essa ideia deve encontrar razões claras para outras alternativas que o mesmo considere plausíveis e recebidas pelo povo timorense.

O que achamos incorrecto é que não podemos ficar tão dependentes como tão-somente do dinheiro do petróleo, e só esperar os outros a fazer por nós. Somos nós que temos que decidir o que é que é mais importante para o bem do povo e da nação, não por alheios; não se faça que as nossas gerações habituadas e dependentes àquilo que os outros façam e pensem por nós; não podemos ficar tão contente porque os outros vão construir por nós centros de línguas como fazem nas outras partes do mundo sem reflectir as razões culturais e históricas enraizadas em todos os aspectos na sociedade timorense. Mas não estamos contra a decisão de construir centros de outras línguas em Timor, porque, de facto, todos nós queremos que se criem condições para que as camadas mais jovens aprendam muitas línguas ao máximo possível. Isto, no entanto, não é o nosso debate. Estamos a discutir a escolha de uma ou mais línguas intimamente ligadas à cultura e à identidade próprias timorenses – Tétum e outros dialectos desde sempre cujos termos eruditos são da língua de Camões. Mas isto também não quer dizer que ignoremos as outras línguas internacionais bem como inglês, francês, alemão, chinês, etc. Porque se a geração futura conseguir dominar todas essas línguas, isto significa um recurso humano inigualável; porque realmente precisamos desses tipos de recursos e não só para fazer negociações com o resto do mundo; e porque a nossa sobrevivência depende da nossa capacidade de fazer negociações no mundo de globalização. O que está em causa, como já tem dito, é a nossa escolha, a nossa cultura e os nossos hábitos. Se já escolhemos português porquê é o governo não envia mais estudantes a Portugal, ao Brasil e aos PALOP que estão sempre as mãos abertas para nos ajudar? Ou porquê é que não contrata mais professores desses países para lá? E porquê é que não consegue criar condições adequadas que possam reforçar instituições escolares existentes e outras que contribuem para aprofundamento da língua às camadas mais jovens?

As verdadeiras soluções encontrar-se-ão nas respostas pelo governo às perguntas acima referidas que parecem tão simples, ou será que o governo não dê nenhuma importância a esta decisão tão importante da esmagadora maioria timorense? Todos nós como cidadão do estado de direito, temos direito de saber quais são as suas razões.


Coimbra, 30 de Agosto de 2008

Fórum Académico da Fretilin em Coimbra (FAFC)