Por: António Guterres
Assusta-me como o tempo passa depressa. Ainda há pouco era 2009 e estava-me a ver o reflexo das crises sócio-económica e política do meu país, descobri que afinal já estou em 2010!
No apagar das luzes de mais um ano, continuamos a deparar com os mesmos problemas que há anos nos afligem na nossa sociedade.
2009 foi o ano de retrocesso, ficou marcado por várias irreguralidades e inconstitucionalidades, e vários escândalos cometidos pelos governantes. Este foi, portanto, um ano de grande desilusão para o povo maubere. O governo não foi capaz de estabilizar o sistema financeiro, não conseguiu estimular a economia do país, houve muitos desvios do dinheiro público. Há mais despesas do que receitas. O governo falhou nas suas metas fundamentais. O presente Orçamento Geral do Estado de 2009 reflecte uma grande decepção. O governo colocou o país em desequilíbrio financeiro assinalado por um crescente desemprego, sobretudo entre jovens, e por extensas e profundas manchas de pobreza. É o Orçamento de um governo que falhou nas suas metas fundamentais de crescimento da riqueza nacional, de emprego e de combate à pobreza.
O caminho da recuperação parece uma miragem. Enquanto os governantes discutem e compartilham projectos ou propostas entre amigos e familiares, o povo reclama a justiça social. Mal despedimos de 2009, o governo já veio ao espaço público lendo as previsões e promessas ao povo. Bom, parece que o governo AMP é um grande especialista em propagandas, hoje fala uma coisa amanhã faz outra coisa. Mas uma coisa é certa o povo não está anestesiado.
2009 já foi, AMP não fez o dever de casa. O balanço e a expectativa para 2010 não param de crescer. O governo já disse que o Orçamento Geral do Estado de 2010 será aplicado para o desenvolvimento do país, ou seja, 2010 é o ano de desenvolvimento. Pois bem, com este Orçamento até eu posso dizer que quero construir um palácio. Digo isso porque os políticos são os mesmos, qualquer observador mais atento vê que o plano orçamental adoptado por este governo para o desenvolvimento do país será um investimento insustentável.
Num país como o nosso, em que o tecido económico e social é extremamente frágil, o governo deve, previamente, desenhar um programa de qualidade e que seja executável. Fazer um estudo prévio e consulta multisectorial feita com muita clareza. Há que se ter também em consideração todo o tipo de impacto cultural, ambiental e político. Tudo isto considerado garante a sustentabilidade do projecto. Mas não foi isso que o governo fez. O que aconteceu foram secretismos. Portanto, o Plano de Investimento que o governo apresentou é de prever que não consiga tirar o país, de uma forma sustentada, do estado de estagnação económica em que se encontra. Em suma, eu diria que o filme continua!