Frente Revolucionária de Timor Leste Independente

DIRECÇÃO FAFC

Coordenador – Geral

Eng. Samuel Freitas

Vice CoordenadorGeral

Alexnadre Pinto

Contactos:

Samuel Freitas (00351-913892252)

e-mail : faf-coimbra@hotmail.com

Residência Universitária de Santiago, bl. 4, 3810-193, Aveiro, Portugal.


quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Um governo ainda sem “o saber” para “pescar sozinho”




INFORMAÇÕES E DÚVIDAS:

Gostaria de começar a manchar este espaço maravilhoso por citar alguns dados importantes conexos com a vida actual do nosso país, Timor Lorosa’e.

1) No dia 22 de julho de 2008 apareceu uma notícia na página de lusófonas a dizer que o crescimento incessante das receitas petroliféras permitiu a Timor quadruplicar o produto interno bruto no espaço de quatro anos. O valor final do PIB é de 1.375 milhões de dolares. Mas, o nível de desenvolvimento permanece baixo.

2) A mesma notícia dita que o governo do Xanana Gusmão está prestes a duplicar o Orçamento de estado para 773,3 milhões de doláres (dos quais 686,8 milhões de doláres por transferência do fundo petrolífero, ou seja, 88,8% deste orçamento advém do fundo petrolífero).

3) No dia 26 de Julho de 2008 realizou-se em Coimbra um encontro dos estudantes timorenses com os representantes do IV governo contitucional. O vice primeiro ministro, José Luis Guterres, falou do dinheiro do petróleo, referindo que seria infrutífero pô-lo no banco devido à desvalorização do mesmo e doá-lo ao povo, para evitar a fome, constituiria uma opção mais correcta.

4) Na mesma reunião, falou-se dos problemas relacionados com o investimento. Denotou-se uma grande passividade por parte do governo. Subentendeu-se uma falta de iniciativas inovativas em relação à matéria. Referiram-se principalmente as condições sociais e infraestruturas como barreiras primárias ao investimento internacional, mas sem uma apresentação clara de planos alternativos para o fazer. Sobre o investimento local, que servirá posteriormente como uma isca para o investimento internacional, disseram que o pessoal local não tinha dinheiro suficiente para os projectos.

Todos somos chamados a analisar, balançar e avaliar estas situações emergentes com mais sinceridade, imparcialidade, maturidade, autonomia e transparência. Servir o bem comum e proporcionar as melhores condições de vida para todos devem ser a prioridade. Para isto não basta falarmos, prometermos e sonharmos acordados ou pior sermos simplesmente “uns papagaios”. A paralisia no desenvolvimento é uma realidade bastante intrigante que exige novos trabalhos e projectos vitais, visando identificar as causas principais e a resolução das mesmas. Dito de outra forma há ainda muitas pedrinhas alojadas nos sapatos de desenvolvimento, pelo que todos os interesses e esforços devem ser conduzidos à sua eliminação. Nesta perspectiva, os académicos timorenses devem ser activos, não devendo depositar eternamente a sua fé em figuras muito demagógicas que se compremetem a fazer algo de bom e não cumprem ou não
são capazes de cumprir. Não se deve aplaudir tudo o que este governo faz sem previamente analisar. Há partes do trabalho que merecem aplausos e há outras que não. Infelizmente a maior parte do trabalho que está a ser feito durante mais que 9 meses por este governo não merece aplausos, em particular a sua política económica. O governo é incapaz de pôr o motor de desenvolvimento a funcionar.

ANÁLISES:

Todos devemos estar sensibilizados com as informações apresentadas na secção anterior, pois estão em jogo o país e a vida dos timorenses. Devemos estar bem atentos a cada passo que este governo dá. Com o primeiro orçamento, não se fez grande coisa para o desenvolvimento. O nível do desemprego permanece elevado. Houve mais gastos improdutivos. Não aprendendo com a ineficiência, agora o governo quer duplicar o orçamento de estado principalmente com o dinheiro do petróleo. Não tarda nada vai triplicar e depois quadruplicar. Para quê???????????? Que futuro tem tem este orçamento novo?

1) Vão continuar a promover gastos improdutivos como sempre fizeram até agora, argumentando que é para incentivar o consumo local?

2) Porque razão continua o governo a subsidiar o consumo e abandonar a produção?

3) A quem o governo deve mostrar a sua caridade (distribuir o dinheiro), visto que todos os timorenses dela precisam? Quem é mais merecedor que quem? Que critério utiliza o governo para garantir a equidade?

4) Quando e como o governo utiliza a poupança do estado para promover o investimento no país?

5) Como o governo vê um futuro próspero para Timor sem trazer a inflação?
Perante a actual paralisia no desenvolvimento sócio-económico de Timor, lanço diversas hipóteses para suspeitar as causas principais. Acuso esta pausa morosa no desenvolvimento social e económico como o resultado de um dos seguintes factos:

1) Défice de pessoas capacitadas nos quadros de desenvolvimento;

2) Excesso de pessoas no governo somente com pensamentos abstractos sem terem aptidões para transformá-los em acções e objectivos.

3) Monópolio na governação, ou seja, quando a equipa trabalha forte e feito para o bem de uma só pessoa e não do povo.

4) Desvio voluntário das linhas pragmáticas previamente estabelecidas, por interesses políticos, pondo em causa o cumprimento dos compromissos do governo.

A verdade de uma das hipóteses referidas implica que este governo ainda não tem experiência requerida para navegar e pescar no mar de desenvolvimento. Ainda não detem “o saber” necessário. É um caloiro autêntico, carecendo de estágios governativos curriculares e profissionais para todos os seus elementos.

Em relação ao investimento internacional, apesar de não haver boas condições infraestruturais como referiram os representantes do governo, quando surgem alguns
interesses estrangeiros em investir, como por exemplo nos projectos relacionados com o bio-combustível produzido à base do pinheiro manso (Jatropha curcas), o governo perde a cabeça e fez acordos sem previamente reflectir. Os australianos desejam instalar, dentro de poucos anos, uma fábrica de extracção de óleo de pinheiro manso em Timor (Carrabela) e uma refinaria do bio-diesel em Darwin (fora de Timor). Para não cansar os neurónios de ninguém, fez-se um acordo que irá durar mais do que 30 anos, anexando a opção de compra para os australianos. Como a conclusão o governo é ineficiente em lidar com a escassez de “boas condições” em Timor.
A minha sugestão é rever os acordos e tomar novas decisões. Não é preciso apressar as coisas só para satisfazer as necessidades imediatas sem balançar as futuras consequências. É óbvio que a entrada de qualquer unidade fabril dá emprego ao povo e constitui um objectivo chave para todos os processos de desenvolvimento, mas deve-se estudar e conhecer a priori o tipo do emprego que surge. Eu recuso os empregos que advém da fábrica de extracção de óleo do pinheiro manso, porque os timorenses vão trabalhar forte e feito na agricultura, cultivando o pinheiro manso durante 30 anos. Além de ganharem menos dinheiro, proporcionam bons gabinetes de trabalho para o pessoal não timorense que está lá fora de Timor.
Perante a inviabilidade dos investimentos nacional e internacional, o governo simplesmente adoptou uma política imprópria para Timor, ou seja, tornou-se eficazmente numa instituição de misericórdia e de caridade mostrando o seu sentimento de pena pelo povo, distribuindo-lhe dinheiro, para que a fome seja adiada. Em coimbra, os representantes do governo sugeriram para que os estudantes timorenses em Portugal, especialmente aqueles que não conseguissem pagar as suas propinas, bastassem listar os seus nomes e mandassem para o governo. Isto é um exemplo das atitudes misericordiosas.

O governo pode fazer bem ajudar as pessoas com dinheiro, pois está-se perante exigências inadiáveis, mas esta ajuda não pode traduzir-se continuamente em gestos passivos. Dito de outra forma, o governo não deve continuar a dar peixe ao povo. Este come e pede mais. Assim, haverá sempre mendigos e misericordiosos em Timor. O governo deve fazer é ensinar o povo a pescar.
Há aqui uma mudança radical na política do governo. Está a fugir das suas linhas pragmáticas, querendo seduzir as pessoas com dinheiro de modo a ganhar mais simpatias, pondo em causa o desenvolvimento económico do país, sobretudo quando ouviu que poderia eventualmente haver eleições antecipadas em 2009.
Finalmente gostaria de deixar uma mensagem dasafiante para todos os leitores timorenses, principalmente para aqueles que se armam como intelectuais ou que na verdade o são mas não tem comportamentos que o justificam quando são confrontados com o tema de desenvolvimento nacional.

Um intelectual é aquele que põe os seus neurónios a pensar nos assuntos conexos com o desenvolvimento. Se tu és um deles, não faças de ti um eterno comediante. Achas que este governo está a fazer bem? Achas que este governo é muito demagógico? Caso sim porquê estás receptivo em aceitar a sua atitude?

Abre os teus olhos, levanta as tuas mãos e diz-lhe com a firmeza para que ele abrande um pouco para reflectir e auto-avaliar antes de continuar. Não te preocupes com os teus colegas que perdem o seu tempo a defender os seus interesses políticos, criando umas conversas maléficas e destrutivas, pois essas pessoas não entram na categoria de intelectuais. São mas uns cuitadinhos autênticos que exigem carinhos e mimos. Podem ser muito bons actores de romance ou de comédia romântica, mas no palco do governo não.

Engº. Samuel Freitas