Por: António Guterres
O homem que liderou o grupo de melícias, designado “Laksaur” que assassinaram centenas de inocentes timorenses em 1999 no Distrito de Suai foi libertado pelo governo timorense.
É completamente inoportuno que se liberta uma pessoa que cometeu crimes e que se presume inocente. O governo chegou ao limite da falta de bom senso e da falta do sentido de Estado democrático. Continuando promover a sua personalidade autocrática, e depois vem a imprensa fazendo auto-avaliação.
O senhor Maternus Bere encontrava-se em prisão preventiva, foi acusado formalmente pelo Tribunal Distrital de Suai, acusando-o de ter praticado crimes graves em 1999. Mas parece que a sentença do tribunal não agradou o governo e, este decidiu avançar com a sua própria decisão, libertá-lo. É uma decisão inconstitucional, mas em Timor-leste já ninguém sabe para que servem os tribunais. O governo faz tudo mas tudo é errado.
Afinal quais são os verdadeiros motivos por trás desta libertação, eis a questão. Será que o povo merece uma explicação ou não? Não podemos continuar a proteger as verdades e ter medo de enfrentar a realidade. Se continuar assim, eu penso que as vítimas ficam mais vítimas, e os criminosos mais protegidos. Timor assim contribui para o aumento da criminalidade na sociedade porque ninguém vai respeitar a lei. A justiça é um dos pilares fundamentais da nossa sociedade.
Timor-leste está diante de um Governo que confundiu a sua maioria parlamentar com o poder absoluto.
Acho que num momento como este seria muito mais agradável e sério que o Governo tomasse medidas que visam o desenvolvimento do nosso país e a melhoria das condições de vida dos timorenses, como medidas no sector habitacional, da educação, criação de empregos e da gestão planificada dos nossos recursos, em vez de colocar o pé onde nunca deveria ser posto.