Frente Revolucionária de Timor Leste Independente

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sábado, 5 de setembro de 2009

Timor tem pressa em encerrar o passado


Por José Mussuaili, Vice-presidente da AIEP

Timor-Leste comemorou na passada semana os dez anos do referendo que levaram à independência da primeira nação livre do séc. XXI e o último país da Lusofonia a conquistar a liberdade. Tive a honra de ser convidado para as festividades pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros na pessoa do ministro Zacarias da Costa (uma das minhas fontes de informação durante a época de ocupação Indonésia, espero que não leve a mal esta minha revelação).

Com dez anos de liberdade e duas crises que puseram o país à beira da guerra civil, como os incidentes de 2006 e o atentado que ia custando a vida ao Presidente Ramos Horta e ao primeiro-ministro Xanana Gusmão, Timor carrega fantasmas dos quais se quer libertar em muito pouco tempo de liberdade e independência, como o julgamento dos culpados dos massacres e crimes políticos cometidos entre 1975 a 1999.

Entrevistei uma família que durante 18 anos alimentou a esperança de encontrar um filho desaparecido no massacre de Santa Cruz, mas a semana passada, todas as esperanças desapareceram, uma equipa de médicos forenses descobriu as ossadas de Ulisses Gonçalves, que não ouviu o apelo do pai e saiu à rua para participar na manifestação que resultou no massacre de Santa Cruz a 12 de Novembro de 1991.

As ossadas estavam com as de outras vitimas, este é o drama de centenas de famílias timorenses que perderam entes queridos durante a ocupação Indonésia e a guerra civil e que exigem justiça.
Durante a minha estada acompanhei o ministro Zacarias da Costa numa visita ao distrito de Aileu onde colocou coroas de flores em campas onde jazem vítimas dos massacres perpetrados pela Fretilin em 1975 numa acção que o Ministro dos Negócios Estrangeiros de Timor intitulou de um passo para a reconciliação, apelando para a reflexão e o reconhecimento dos abusos cometidos pelos próprios timorenses durante a guerra civil de 1975.

O apelo de Ramos Horta a uma amnistia para os crimes cometidos entre 1975 e 1999 no discurso que assinalou as comemorações dos dez anos do referendo caiu mal em algumas alas da sociedade, levando para a rua estudantes numa manifestação-relâmpago em frente ao hotel Timor cheio de convidados estrangeiros e que foi rapidamente reprimida pela polícia local, acção condenada e que resultou na rápida libertação dos jovens. Também a classe política não se entende. Até nos partidos que formam a aliança governamental as opiniões são diferentes. Mas não será este um sinal de que a democracia em Timor começa a funcionar? Que resultado tiveram os partidos únicos durante 30 anos? É necessário dar tempo para que as feridas fiquem saradas, não se pode enterrar em pouco tempo fantasmas que outros países com mais de 30, 40 e 50 anos de independência ainda nem sequer começaram a discutir.