Frente Revolucionária de Timor Leste Independente

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quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Robin Araújo em entrevista - Um breve olhar sobre Timor e Portugal


Luís Mesquita C13
Ensul
Díli Timor Leste
Entrevista a Robin Araujo, Timorense licenciado em Portugal

1. Porque decidiste estudar em Portugal?

Fui como refugiado para Portugal com a família toda em 1999, quando houve a guerra em Timor-Leste. Como era um pouco complicado voltar a Timor devido à situação, decidimos ficar e entretanto, decidi continuar o meu estudo em Portugal.

2. Como te sentias quando vivias em Portugal? Gostaste do país e das pessoas?
Sim, gostei muito do país e das pessoas. Sentia-me bem porque as pessoas eram amáveis, respeitosas, pacíficas, etc.

3. Na tua opinião, quais são as principais diferenças entre Portugal e Timor?

Portugal é um país muito pacífico, disciplinado é um país que em termos de qualidade de vida, sem dúvida é muito melhor que Timor:

- Pacífico: Há respeito mútuo entre as pessoas.

- Disciplinado: Em Timor-Leste, neste momento, é muito difícil respeitar este termo. Isto porque é preciso corrigir muitas coisas em Timor-Leste no que diz respeito às disciplinas nas escolas, nas instituições governamentais, nos direitos das pessoas etc. Como simples exemplo do que acontece muito frequentemente em Timor é a falta da disciplina numa fila, isto é, uma pessoa que está na frente de uma fila de atendimento, de repente, aparece outra pessoa e fica à sua frente.

- Qualidade de vida: Sem dúvida que a qualidade de vida em Portugal é muitíssimo melhor. Em Timor-Leste há muitas coisas que têm que melhorar, por exemplo, na saúde, na alimentação, higiene. Neste momento há muita pobreza.

4. E, segundo a tua experiência, quais são as principais diferenças entre o povo timorense e o português?

O povo português é um povo de “sim, sim” e “não, não”, ou seja, um povo muito determinado na sua decisão. É um povo muito disciplinado e não deixo de frisar que é um povo muito solidário. O povo timorense é um povo, por vezes, com dúvidas. Ás vezes determinado na sua decisão, às vezes não. Mas é um povo muito humilde. O resto das diferenças já expliquei, mais ou menos, no ponto anterior.

5. Porque voltaste para Timor-Leste?

Voltei para Timor porque acabei o meu curso e queria contribuir na construção do meu país. E as saudades também já eram muitas, da família, dos colegas, etc.

6. Como é para ti, sendo Timorense, trabalhar numa empresa internacional no teu próprio país?

Para mim é bom trabalhar numa empresa internacional, porque posso ter experiência, aprendendo muitas coisas na empresa (como por exemplo, aprender o modo de gerir uma empresa), para depois aplicar no meu país. E é bom para a minha família, a ver que eu faço parte de uma empresa internacional e sou gestor de projecto, pois não é fácil obter esta posição em Timor-leste numa empresa internacional, acho eu.

7. Quais são as funções que desempenhas na tua empresa?

Sou gestor de projecto. A minha função principal na empresa é orçamentar os projectos e/ou fazer o seu acompanhamento.

8. Quais os teus projectos para o futuro, a nível pessoal e profissional?

Projectar o sistema de energia (energias alternativas como solar, eólica, ondas, etc.), para áreas rurais, de modo a contribuir para o meu país.

9. Como te sentes a viver em Timor-Leste?

Ao viver em Timor sinto-me feliz porque estou em casa. É bom estar com mais família e colegas.
10. Escolhe, na tua opinião, uma das coisas que mais gostas em Timor e uma das que menos gostas. (Melhores e piores coisas em Timor)

Melhores: Timor é um país tropical. Piores: As estradas de Timor.

11. Como todos sabemos Timor-Leste é uma das mais jovens nações do mundo, sendo que o governo tem muito trabalho pela frente para reconstruir o país. Quais são para ti, as prioridades que o Governo deve focar-se? Se pudesses dar algum conselho para o crescimento do teu país, qual seria?

Para mim as prioridades que o Governo deverá focar neste momento, para o crescimento do país, será na reparação das estradas nas áreas rurais e também estradas nos sub-distritos. Desta forma, facilitará a comunicação e consequentemente a economia do país crescerá. Outros pontos importantes são a educação, saúde, etc. Na educação, o Governo deveria apostar em elevar a qualidade dos professores (por exemplo, formar professores no estrangeiro) que por consequência aumentará a qualidade da Universidade de Timor Leste e dos seus alunos.

12. Qual a tua opinião relativamente à forte presença de uma grande comunidade internacional em Timor, principalmente oriunda da Missão Integrada das Nações Unidas e das ONG´s.

Não falo muito sobre isso. Com a presença da comunidade internacional em Timor apreendemos muitas coisas e começamos abrir a nossa mente sobre a vivência, a disciplina no mundo inteiro. Aprendemos muito com eles.

13. Achas que ainda é visível a influência da colonização portuguesa em Timor nos dias de hoje?

Sim, ainda é visível. Visível no modo de viver dos timorenses. Visível nas construções, na comida, etc.

14. Como vês Timor Leste daqui a 10 anos? E como gostarias de ver?

Gostaria de ver Timor mais desenvolvido, mais construções e estradas reparadas em quase todo o território. Gostaria também de ver mais centros de animação e melhor qualidade de vida para o nosso povo.

15. Qual é para ti, o valor mais importante na cultura timorense?

É o respeito e a humildade.

16. Diz-me uma coisa que caso pudesses, gostarias de ver mudado no teu país?

Ver o povo viver e não sobreviver, e que não haja muitos ricos e muitos pobres. Viver como o povo de Portugal. Democracia é um ponto fulcral.

17. Diz-me agora o contrário, ou seja, nomeia uma coisa que caso pudesses, nunca mudava em Timor.

Não gostaria de ver um dia a extinção da humildade do povo timorense.

18. Obrigado Barak! (Muito Obrigado!)

De nada. Sempre ao seu dispor.

Entrevistado: Robin Araujo, Timorense licenciado em Portugal
Idade: 27
Nacionalidade: Timorense
Educação: Licenciatura em Engenharia Mecânica, Universidade de Coimbra
Trabalho: Gestor de Projecto, Ensul