O bispo emérito de Díli, Timor, D. Ximenes Belo, considerou a consulta popular de 30 de Agosto de 1999, que determinou a independência de Timor-Leste, como "um momento memorável".
"Foi um momento memorável porque todos os timorenses participaram", disse à Agência Lusa D. Ximenes Belo, acrescentando que "os timorenses acorreram em massa às urnas e, através desse instrumento jurídico, manifestarem o seu desejo de se libertarem, de construírem um país novo, um país livre e independente".
Confrontado com o apelo que fez ler numa missa em Díli um dia antes da consulta, pedindo aos fiéis para não terem medo e irem votar, o prelado sublinhou que "era preciso correr o risco".
"Era preciso tomar esta decisão [votar]", realçou D. Ximenes Belo, que à data era administrador apostólico de Díli, referindo que "muitas nações surgem do sacrifício e da morte".
"Era preciso tomar esta decisão [votar]", realçou D. Ximenes Belo, que à data era administrador apostólico de Díli, referindo que "muitas nações surgem do sacrifício e da morte".
Destacando a "grande coragem" e o "grande sacrifício" que os timorenses demonstraram, o responsável sustentou que a consulta popular "deveria ter acontecido em 1975", ano da ocupação do território pela Indonésia, pois "não haveria tantas mortes".
Dez anos volvidos sobre o referendo em que os timorenses votaram a independência do território ao invés da integração na Indonésia, o prelado afirmou que o país - o primeiro do século XXI - "tem evoluído positivamente", advertindo, contudo, que a Democracia é uma aprendizagem.
"A Democracia aprende-se", declarou, salientando que "é preciso aprender e aprender a praticar".
Para D. Ximenes Belo é preciso também ajudar o país, para que os valores subjacentes ao voto pelo qual lutou a população timorense sejam apreendidos, mas também do ponto de vista económico e social.
"É preciso continuar a viver os ideais da fraternidade, da solidariedade, da Paz", defendeu.