Frente Revolucionária de Timor Leste Independente

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quinta-feira, 1 de outubro de 2009

A JUSTIÇA NUM CAMPO MINADO


Por: Eng.º Samuel Freitas

Os recentes indícios da evolução de Timor e as medidas tomadas pelos nossos governantes para dirimir os problemas sócio-económicos certificam um défice de liderança e apontam para uma deterioração do futuro promissor de Timor. Enquanto os sinais de desenvolvimento permanecem negativos, os lideres vão acentuando ainda mais o seu caracter autocrático. O gigante massacre da democracia ocorreu quando o Presidente da República, Ramos Horta, se armou em profeta para desfiar a justiça com o perdão e o Primeiro Ministro, Xanana Gusmão, ao topar a doutrina, se tornou cúmplice da libertação do grande criminoso Martenus Bere. São práticas bastante traiçõeiras para um Estado de Direito como Timor. É doloroso ver estes lideres agirem como se Timor fosse exclusivamente deles. O pior é que eles não querem dar explicações a ninguém. Numa altura em que vários casos de corupção, nepotismo e conluio ainda estão por combater, os dois lideres perderam o cérebro e minaram a justiça. As suas decisões se fossem como o sal nas pessoas, eles exageraram na dosagem, acabando por fazer mal à saúde. É um mau exemplo que não deve ficar perdido com o ocaso das porteiras. Eles são obrigados neste momento a responder na justiça.

Fiquei a desgostar da postura do Xanana Gusmão na entrevista que deu à Rádio SBS no dia da comemoração do referendo. Ao ser acusado de corupto, ele optou por remexer no passado, dando entender que o facto de ter visto muitos mortos durante os 24 anos da ocupação indonésia e recusado a possibilidade de ser um general indonésio em 1983 ninguém o pode acusar de corupto. Que grande lei!

Um bom cidadão timorense, nas circunstâncias referidas, deve auxiliar activamente na produção e busca de docês antidóticos para amarguras da crise que o país vai engolindo. A nova missão deve visar o desentesamento das tentativas dos lideres de revestir Timor com a sua mediocridade e a vacina do povo contra o contágio de acções doentias. É por este motivo que venho juntar a minha voz a muitas outras que já se levantaram em vários meios de comunicação.

Mediante os fracos sinais de desenvolvimento, teme-se pela capacidade do governo AMP para continuar na administração do país. Não sabe liderar para o bem comum e pouco se importa com as necessidades económicas das pessoas que habitam as zonas rurais. É um governo com muita balbúrdia ideológica e pouca aptidão para execução dos seus projectos; vagaroso na criação de condições favoráveis ao investimento, estéril nos discursos e desleal nas suas apresentações. Tudo que faz, faz pelo populismo. Não é preciso recorrer à estatistica para dizer isto. As infraestruturas tardam em melhorar. As fábricas demoram a chegar. A supremacia do governo é perpétua. As leis não são respeitadas. A censura política acresce. Estas características parecem ser invariáveis ao tempo e quem está num beco sem saída é o povo.

Quando é difícil haver uma viragem destas páginas, o governo adora inventar prosas sobre “o desenvolvimento”, lendo-as à população, só para galvanizar a sua autoestima e tentar dotar o povo com esperanças, quando na verdade se desconhecem as linhas mestras para desenvolver o país. Recentemente, contentou-se com o crescimento económico isento de benefícios à população, parecendo que a crise já está ultrapassada. Um ambicioso orçamento de estado (OGE2009) que repercute as injustiças sociais e os retardados projectos de desenvolvimento é um desperdício. Tudo isto é uma realidade desventurada que vai envenenando o coração dos que mais sofrem em Timor. Se o presidente da República fosse mais autónomo e firme nas suas decisões e se os intelectuais fossem mais críticos nas suas intervenções, este governo dificilmente iria conquistar simpatias mesmo deitando dinheiro à rua para o povo, mesmo chorando pelos abraços e beijinhos. Quem suportaria um governo que vive pelo gozo do poder e pouco combate pelo objectivo de reduzir o nível do desemprego e garantir a estabilidade governativa para posteriormente atrair investimentos? Quem toleraria um governo que acha que é Messias e pode manipular tudo e todos?

Na área de educação, penso que Timor se debate com o monópolio de oportunidades nas escolas secundárias (SMA). É um assunto que é ignorado por muitos, mas que na verdade merece a maior atenção. Perante a falta de qualidade das escolas públicas, as privadas são livres de gerar involuntariamente o desequilibrio de oportunidades, desfavorecendo as familias pobres. O governo deve comedir este tipo de situações. As informações ditam que estas escolas exigem aos novos alunos, por exemplo, uma verba adiantada superior a 100 USD por pessoa. É para o pagamento de três mesês da propina anual e para a compra de uniformes. Parece-me um mecanismo lógico e aceitável por natureza, mas se for aplicado com muita exigência, prejudicará as familias que não tem rendimentos mensais e assim coloca o futuro dos seus filhos no fio da navalha. O caracter exigente traduz-se, por exemplo, no facto de suspender a aprovação do aluno na escola, caso este não pagar toda a verba estabelecida no momento em que é aceite na escola. Pode haver uma boa razão nisto, mas penso que deveria haver a opção do pagamento por prestação visto que nem todos os pais ganham cem dolares por mês, sobretudo num momento em que o nível do desemprego acresce. Se todos os cidadãos merecem ter seguros nos bens essenciais como educação e saúde, o governo deveria analisar melhor estas situações inditosas e comboiar as familias desfavorecidas financeiramente. Há que investir para melhorar a qualidade das escolas públicas e/ou providenciar algumas bolsas de mérito para os alunos pobres. O critério de sucesso de um projecto centrado na justiçã social pode passar por estas acções.

Na área de energia, no momento em que o mundo começa a criar a fiscalização ecológica, reforçando as cobranças sobre as actividades poluentes, o governo timorense preferiu remar mais forte para sair da linha, teimando-se em recorrer à utilização do óleo pesado para resolver os problemas de energia, especificamente para findar os apagões constantes da luz, quando cientificamente se comprova que os combustíveis fósseis são muito poluentes com impactos na saúde humana e meio ambiente. O destino de Timor constroi-se com as pequenas decisões que se tomam no dia-a-dia, pelo que o governo deve revisar sempre as suas acções. Se a taxa de mortalidade de Timor já é alta, não há que elevar mais com a poluição.

Tudo que vai acontecendo em Timor é fruto directo da imaturidade governativa que, além de ir exponenciando o sofrimento do povo maubere, pode rogar pelo possível retorno da aberração colonialista. É de cautelar que as ingerências excessivas de países terceiros, nos assuntos internos de Timor, por impulsos económicos e políticos em rótulo de “auxilios” são muito nocivos para a consolidação da independencia conquistada em 1999. Timor requer um governo que lidera e administra para o bem comum; um governo que respeita os valores democráticos e tem capacidade para definir os projectos galvanizadores e grudantes de vontades e praticá-los em tempo útil. É neste sentido que todos devemos incentivar o nosso cérebro e participar cívica e inteligentemente na avaliação dos nossos governantes. Investir o voto útil em quem sabe encontrar a utilidade desse voto. Só assím temos a esperança pelo retorno do nosso investimento, doutro modo, voltaremos a estar à beira do abismo.