Frente Revolucionária de Timor Leste Independente

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quarta-feira, 1 de abril de 2009

A MALDIÇÃO DAS CONVENIÊNCIAS


O crescimento do petróleo alimentado com a prostituição infantil em Timor-Leste

Por: Loro Horta
A pequena nação do Sudeste Asiático, também conhecida como Timor-Leste, não é estranha ao sofrimento e esperanças desfeitas. Esta é uma terra rica onde as pessoas são pobres - desesperadamente pobres. Após 24 anos de brutal ocupação pela Indonésia, o seu grande vizinho, a independência trouxe consigo muitos sonhos e esperanças.
A riqueza substancial da ilha em minerais, aumentou ainda mais essas expectativas.

Nos últimos dois anos o país recebeu uma media de US $ 1,1 bilhões por ano em receitas de petróleo e gás. Um montante significativo se tivermos em conta a sua pequena população de apenas um milhão.

Contudo, o povo que já sofreu por muito tempo, tem visto muito pouco desta riqueza que entra. O desemprego continua elevado, atingindo os 80% na capital, e o interior foi deixado no estado de abandonado. Enquanto a pobreza tem sido parte diária da maioria, é coexistida com bolsas de riqueza escandalosas provenientes da bonança do petróleo.

Embora a maioria das pessoas viva com menos de um dólar por dia, os 350 conselheiros estrangeiros contratados pelo governo timorense tem salários tão elevados como $ 20.000 por mês, enquanto os funcionários governamentais conduzem Lexus, Mercedes e luxuosos quatro-por-quatro veículos ao longo das ruas esburacadas de Díli. Cortes de energia são frequentes, com uma dúzia de cortes por dia, uma ocorrência comum.

Estas bolsas de riqueza no meio de extrema pobreza são rápidos reprodutores de prostituição e toxicodependência.

Perto das escolas homens esperam que as jovens se aproximem deles. Uma rapariga conta-nos a sua história, ”aproximamo-nos deles e dizemos que precisamos de um par novo de sapatos, para ir a uma festa. Nos vamos com eles e fazemos aquilo e depois temos os nossos sapatos.” As raparigas disseram que ja venderam o seu corpo somente por $ 5 dólares. No interior os jornalistas locais noticiaram que há vários casos de raparigas de dez anos que se prostituem por $1 dólar.

Como descrito por um repórter local: "Nos distritos os pais recebem o dinheiro e sentam-se nas suas varandas, enquanto as suas filhas são usadas dentro de sua própria casa. Isso demonstra o quanto é grave a pobreza no nosso pais.

"O trafico de jovens está-se a tornar num problema grave. Um grupo de 18 jovens foram resgatadas dos traficantes estrangeiros perto da fronteira com a Indonésia no inicio deste ano.

Num país católico o problema da prostituição é muitas vezes ignorado. Muitas das mulheres são maltratadas e violentadas pela polícia. O medo de denunciar e a hipocrisia social, agravam ainda mais este problema.

A condição das mulheres em Timor é de toda a maneira horrível. O país tem uma das taxas mais elevadas de violência contra as mulheres do mundo, 70% da população prisional do país é composta por indivíduos condenados por violação e violência doméstica.

O facto de haver rumores de que muitas personalidades da sociedade visitam as prostitutas torna mais difícil de resolver este problema.

Há rumores persistentes de que altos funcionários do Governo frequentam estes bordeis que hospedam jovens prostitutas timorenses e também indonésias, tailandesas, chinesas e Filipinas.

Um polícia timorense da unidade de elite do CSP encarregada da protecção dos VIP disse-me com um sorriso malandro:

“Eu fui buscar lá muitas vezes raparigas chinesas para um irmao grande ( pessoa de influencia)”.
E eu perguntei-lhe. Um ministro? “Grande ”, “ maior”, respondeu.

Os hábitos nocturnos da liderança timorense comprometem ainda mais qualquer tentativa de ajudar as filias de Timor, que após 24 anos de violações e humilhações por parte do exército Indonésio, vêem agora os seus próprios dirigentes e auto-proclamados libertadores virarem-lhes as costas. Muitas mulheres estão perdidas, enquanto os seus dirigentes pretendem ser ricos.

O pais está também a atrair um numero crescente de trabalhadores de sexo estrangeiras que são trazidas para o pais pelo sindicato de crimes da China e do Sudeste Asiático.

De acordo com a fundação Alola, uma ONG chefiada pela australiana, mulher do Primeiro-Ministro Gusmão, mais de 200 trabalhadoras sexuais estão em Timor, e muitas contra a sua vontade.

A Alola é uma das poucas organizações que presta atenção para os problemas de muitas raparigas timorenses e estrangeiras.

Quando eu sai de um clube nocturno em Dili, eu vi uma pequena rapariga que não tinha mais de oito anos a pegar na mão de um irmão com cerca de quarto anos. Eu perguntei-lhes o que estavam a fazer naquele local às três da manha, eu disse, “ vocês deviam estar em casa”. Ela disse, “ preciso de dinheiro para comprar comida.”

Eu questiono-os ainda mais e depois de mais algumas perguntas a rapariga, que tinha ainda a inocência nos seus olhos disse-me, “o meu irmão mais velho manda-me para aqui, ele está no fim da estrada, se eu não arranjar dinheiro, ele bate-me.”
Eu dei-lhe cinco dólares e fui-me embora, preocupado se fiz a coisa mais acertada.

As crianças não pertencem à rua. Certamente que não, numa nação rica em petróleo.