Por: António Guterres
O antigo líder do partido PSD foi uma das pessoas da própria aliança que criticou publicamente o executivo de Gusmão, apelando à transparência da sua governação.
Foi recentemente nomeado para segundo vice primeiro-ministro do governo de facto, liderado pelo Senhor José Alexandre Gusmão para combater a corrupção e o nepotismo, duas realidades da estrutura política deste governo.
Por cá, acredito num bom trabalho do Engº. Mário Crascalão. É uma pessoa sensata, firme e responsável. Porém, sei que esta é uma função difícil. No entanto, pelo seu esforço e coragem, estou convicto de que o Senhor irá quebrar uma tradição designada “corrupção e nepotismo”.
Apesar de tudo isto, Mário Carrascalão tem-se remetido ao silêncio, não tendo cumprido, até ao momento, a tarefa para a qual foi designado. Os actos de corrupção parecem ser demasiadamente evidentes e numerosos. Não se entende, pois, o silêncio deste Senhor.
Não só não se entende como também é grave. Carrascalão foi uma das figuras timorenses que denunciou a corrupção no país e que disse pretender uma boa governação.
Ora, a corrupção, sendo evidente, necessita de ser denunciada. A Fretilin, o partido da oposição, tem acusado o Governo de falta de transparência na implementação do Orçamento ou ainda na contratação de assesores e consultores estrangeiros.
O povo timorense quer mais medidas de combate à corrupção, que entende ser a causa da sua miséria. Os recursos do país estão a ser direccionados para um conjunto restrito de pessoas. É uma tristeza.
Portanto, a minha posição é clara: eu pretendo que Carrascalão quebre o silêncio e diga as conclusões a que chegou desde que foi nomeado para este cargo. Só assim será possível ao povo ter mais confiança no futuro. Neste momento, essa confiança é reduzida.
Se no imediato não houver uma resposta deste Senhor, pode concluir-se que este cargo não tem qualquer utilidade. Por isso, mais valerá colocar o cargo à disposição.
Ainda assim, prefiro dar tempo a Mário Carrascalão. Espero que em breve possam surgir novidades no que toca ao tema da corrupção.
Trata-se de um tema de extrema importância. Para o bem público, é bom que haja transparência. Sem ela, o povo deixará de poder confiar em quem o representa.
O combate à corrupção é esencial para o fortalecimento de qualquer democracia e para o crescimento económico.