A cada semana que passa, ouço mais uma notícia relativa a Timor que me deixa surpreendido, mas, quando penso mais insistentemente, fico revoltado.
É revoltante saber que há pobreza em Timor e que ela não é combatida como deveria ser. É revoltante pensar que conselheiros de Estado ganham 20 milhões de dólares fazendo muito pouco, para não dizer nada. E é ainda mais revoltante que isto se passe num país que tem recursos petrolíferos cujas receitas, se fossem enquadradas num plano estratégico direccionado para o progresso do país, poderiam fazer toda a diferença.
Timor precisa de alguém que faça a diferença. É um pouco como no futebol. Se aqueles que têm as principais responsabilidades – os governantes – não se destacarem de algum modo, o país não pode avançar. E se não avançar, pode revelar-se um projecto fracassado.
Será que quem actualmente dirige o país já pensou nisto? Parece que não. Perece que não sabe muito bem como ali foi parar. Mas, acima de tudo, parece não saber como governar. Governar em democracia implica, entre outras coisas, ouvir o povo, definir modelos de desenvolvimento e assumir responsabilidades.
Por falar em responsabilidades, que tal pensar em ir ao Parlamento? Pelo menos de vez em quando? Os deputados timorenses do partido governante parecem não estar nem ai para o Parlamento.
O pensamento deles deve ser este: “ir ao Parlamento? Defender o povo, procurar soluções para Timor, fazer cumprir a lei, corresponder às expectativas que depositaram em nós? Não, isso é chato…”
O governo parece andar de cabeça perdida. É grave. Uma coisa é governar mal. Outra ainda pior é não saber governar.
Mas há mais. Neste governo, que parece do outro mundo, há funcionários que pelos vistos têm pouco que fazer. Deste modo, decidiram, para passar o tempo, assaltar os armazéns de arroz.
Ou seja, o povo vive na pobreza, depara-se com o fenómeno da prostituição infantil e passa fome. Que eu saiba, o arroz é um alimento. Ou não? Os funcionários do Ministério do Comércio parecem não saber disso.
É preciso mudar muita coisa em Timor. Rapidamente. Os timorenses não podem estar contentes com o desempenho deste governo. Até eu (que não sou timorense) estou chateado. É preciso pensar no apoio às famílias mais carenciadas, de modo a que a prostituição infantil deixe de ser uma realidade do presente e passe a ser um momento menos feliz do passado. É preciso que os governantes assumam a responsabilidade que lhes foi conferida pelo povo e percebam que um Orçamento de Estado não é um brinquedo, ma sim um instrumento de trabalho que, se mal usado, coloca um país como Timor em grandes dificuldade e aprofunda problemas sociais, económicos e políticos.
Aos governantes timorenses pede-se que façam uma coisa muito simples: política. O que estão a fazer neste momento pode ser apelidado de muitas coisas, menos de política.